Meu velho amigo Dalmo Mariano exímio cuteleiro e atirador de facas.
quarta-feira, 27 de março de 2013
sábado, 23 de março de 2013
segunda-feira, 18 de março de 2013
Disney e Dalí uma combinação improvável mas fantástica
Disney e Dalí uma combinação improvável, mas
com um resultado fantástico.
Assistam esse curta que surgiu de uma ideia de Roy Disney irmão do Walt.com um resultado fantástico.
Não sabia da existência deste vídeo , mas foi uma agradável surpresa vê-lo.
Espero que assim seja para todos que visitarem meu blog.
Assista no www.youtube.com/watch?v=1GFkN4deuZU
segunda-feira, 11 de março de 2013
quinta-feira, 7 de março de 2013
Leia aqui o primeiro capítulo do início da trilogia de Rick Hammad :
Lail-Ah " O divórcio de Deus "
Lail-Ah " O divórcio de Deus "
1 – TENTAÇÕES NO DESERTO
WASHINGTON,
DC 30 de Julho de 1990. Segunda-feira
(Três dias antes da invasão do Kwait)
Àquela
hora em Langley, na divisão do Oriente médio da CIA, o encarregado de turno Jim
Garrison debruçava- se sobre um monitor, observando as imagens transmitidas do sul
do Iraque pelo satélite FSE 19 ( Flying Spy Eye ),-mais conhecido como “Devil's
Eye”. O espião orbital iniciara suas transmissões havia dois minutos. Neste
exato momento, Garrison acendeu um
cigarro. O brilho da chama do isqueiro por um segundo ofuscou sua vista. Apenas
o tempo suficiente para que ele deixasse de notar um pequeno clarão esverdeado
que brilhou, como se tivesse sido
programado, num lugar onde deveria haver somente a escuridão nua do deserto.
Quando suas pupilas contraídas pelo fulgor da chama do isqueiro voltaram a dilatar-se,
adaptando-se à penumbra da sala, nada mais havia para ser visto, exeto a tediosa
paisagem do deserto.
Poderia muito bem
ser as portas do inferno se abrindo e vomitando todos os seus demônios; ninquém teria se dado
conta. Nem mesmo a nação mais poderosa da terra com toda sua tecnologia de
espionagem.
Trezentos e oitenta km à
leste de Bagdad
Talvez
por esse motivo, Haddad sentia-se
agradavelmente relaxado em seus raros momentos de solidão, e este não era
excessão, sob as estrelas do deserto.
Sua
vista alcançava bem além do que os farois de seu Nissan Patrol podiam iluminar.
Era uma noite de Lua cheia, e o ar
estava carregado daquele encantamento e beleza que com certeza foi o responsável
por inspirar os escritores a escreverem historias de magos, tapetes voadores,
genios da lâmpada. Histórias suficientes para preencher mil e uma noites.
Este
era seu país, um lugar mágico no deserto, onde a imaginação compensava com
vantagens uma dura realidade.
Lá
ia ele, um minúsculo e desprezível ponto que se movia no meio do nada, dono de
seu nariz. Após um dia árduo examinando
as instalações secretas de uma fábrica de armas químicas, gozava daquele pequeno momento de solidão, que lhe custara muita
discussão, pois tivera de convencer seus seguranças de que nada de mal lhe poderia acontecer nos aproximadamente cinquenta kilometros de
deserto que o separavam de uma região
onde um micro clima mudava totalmente a paisagem para uma área alagada de
plantações e pântanos.
Sessenta
quilômetros mais e alcançaria a segurança da estrada principal, que o levaria,
trezentos e cinquenta kilometros adiante, até a porta de sua casa em
Bagdá.
Estava tudo bem. Em caso de qualquer problema, sempre existia o rádio de
ondas curtas instalado no carro, com sinais codificados que lhe trariam ajuda
quase imediata, sem alertar ninquém. O uso de telefones celulares estavam
completamente fora de questão: Kammil sabia, (afinal de contas isto fazia parte
de seu trabalho) que os americanos tinham tecnologia suficiente para interceptar
qualquer ligação que lhes desse na telha,
desde que esta fosse feita de um aparelho celular. O cartel de Medellin pagara um alto preço por desconhecer esse fato. Já o
velho rádio de ondas curtas, embora pudesse
parecer ultrapassado, estava equipado
com um “scrambler” e um compressor. Bastava ligá-lo, para poder enviar sua mensagem
em segurança: o aparelho se encarregava de substituir as palavras origininais por outras através de um programa pré determinado.
Assim, eliminando totalmente o sentido da frase que somente viria a ser
inteligível quando decodificada com o uso da matriz de posse de seus seguranças. Como se
isto não bastasse a engenhoca comprimia a mensagem, acelerando-a até transformar-la em um simples ponto eletrônico, que facilmente
seria confundido com estática por possíveis escutas clandestinas.
Essa
viagem solitária lhe dava tempo para
reorganizar seus pensamentos. O casamento com Yasmim obedecera a objetivos,
muito mais que a impulsos românticos.
Constantemente vigiado pelos irmãos dela – seus seguranças -, não havia espaço
para escapadas onde pudesse satisfazer seu desejo por aventuras sexuais. Os
poucos momentos que tinha de privacidade eram tão apreciados como um bom vinho.
Desviando
a vista do areal batido de luar, Kammil olhou para para o marcador de
kilometragem de seu Patrol, faltavam ainda trezentos e setenta e quatro
kilometros para Bagdad, então com um gesto quase automático apertou o botão de
seu relógio que servia para acender uma luzinha azul que os fabricantes haviam
chamado “Indiglow” por seu brilho azulado, faltavam tres minutos para as tres
horas da manhã. Essa pequena distração foi responsável por fazê-lo perder dois
acontecimentos que iriam em poucos segundos mudar sua vida e possivelmente a de
milhões de pessoas para sempre.
O
primeiro evento foi um pontinho luminoso que cruzou o céu, dirigindo-se para
oeste. Poderia fácilmente ser confundido com uma estrela, não fosse sua
velocidade e rumo constantes. Diferentemente de uma estrela aquele objeto fora criado
por mãos humanas, e batizado de “olho diabólico” por sua capacidade de não
perder nada do que se passasse por baixo de suas lentes, mesmo com o céu
nublado. O segundo foi um brilho
esverdeado que por uma fração de segundo relampejou no deserto, poucos
kilometros a sua frente.
Minutos
depois Kammil Haddad a viu.
Ela
estava ao lado da estrada, embora o vento e a areia não permitissem identificar
claramente onde acabava o caminho e
começava o deserto. Quando os faróis do veículo a revelaram, Kammil teve um
estremecimento. Não deveria haver
ninguém por alí uma hora destas muito
menos a mulher dos seus sonhos mais secretos. Instintivamente, diminuiu a
marcha desprezando todas as regras de segurança pelas quais seu comportamento
se regia vinte e quatro horas por dia.
Quanto
mais se acercava, mais tinha a sensação de ter perdido o juízo. Aquilo não
podia ser real. Aquela mulher, no meio da noite , no meio do nada, era a viva
encarnação dos seus sonhos de amor e erotismo mais preciosamente escondidos no
interior de sua alma muçulmana.
Era
como se a vida transcorresse em camara lenta. Parou o veículo ao lado
dela desistindo de lutar contra a fantasia. Se aquilo fosse coisa do demônio,
valia a pena arriscar a alma, pensou abrindo a porta do passageiro.
- Sou Yamilla- ela disse. E sentou-se ao lado dele, sem a humildade caracteristica
das mulheres da região. Mudo, Kammil que
se esforçava para acreditar no que seus olhos viam, pedindo fervorosamente a Alá
que aquela visão não fosse um delírio
provocado por alguma droga colocada em sua água ou comida, o que seria mais
plausível do que o que estava acontecendo.
Yamilla
se vestia à moda ocidental, mas ao pronunciar seu nome deixou claro aos ouvidos
de Kammil que o árabe era seu idioma natal.
Como
sem dar-se conta do improvável da situação Kammil encontrou sua voz e perguntou-lhe:
- Está indo para Bagdad?...e atônito ouviu dos lábios sorridentes daquela mulher que todos os seus sentidos gritavam tratando de avisar-lhe que não poderia ser real:
- Está indo para Bagdad?...e atônito ouviu dos lábios sorridentes daquela mulher que todos os seus sentidos gritavam tratando de avisar-lhe que não poderia ser real:
-
Estou indo para onde você quiser me levar.
Quando
ela acomodou-se em sua SUV cruzando as pernas, Kammil sentiu uma vontade mal
reprimida de cair de joelhos e beijar aqueles pequenos e macios pézinhos de
pele branca como leite que estavam tão perto e ao mesmo tempo tão longe e
entregar-se a luxúrias que em sua vida apenas havia tido coragem de ruminar em segredo.
Controlou-se
-se e deu partida no veículo.
A
viagem até Bagdad transcorreu em silêncioso clima de sonho .
Kammil
sentia-se como se tivesse realmente sido drogado , porém não tinha medo ou
receio de nada, sentia-se bem como nunca em sua vida, o único que desejava era
que esta sensação não acabasse jamais. De quando em quando, olhava para o lado
como que para certificar-se de que Yamilla seguia alí e ao vê-la era invadido
por ondas de sentimentos que não entendia, mas que faziam reagir partes de seu
corpo que, com seus cinquenta e dois anos já acreditava adormecidas para sempre
há muito tempo.
O
pouco de bom senso que ainda lhe restava o levou a parar em uma casa nos
subúrbios da cidade, onde, valendo-se de sua alta patente acordou seus moradores e em nome do governo requisitou
um traje típico muçulmano para cobrir aquela mulher.
O
amanhecer já se avisinhava, e Kammil sabia que precisava ocultar de olhares
curiosos aquela beleza extasiante, que ele ansiava por abraçar e possuir .
Dois
dias depois deste incidente, inebriado por um suave aroma de flor de
pêssegueiro e um gosto levemente salgado na ponta da língua lingua, Kammil,
que nunca se importara muito com antropologia, entendia na prática que toda
vida na Terra havia vindo do mar, tinha diante de seu nariz uma gruta húmida
por onde nascia a vida, e essa ainda trazia em si o gosto de sal do mar primevo
do qual emergiram todas as criaturas. Perdido nesses pensamentos, respirou
fundo e mergulhou sua cabeça entre as brancas coxas de Yamilla, como se
quisesse fazer o caminho de volta da criação. Esquecido de si penetrou naquele oásis perfumado de
pessegueiros, que já a setenta e duas horas
era só seu. A suave e quase imperceptível penugem dourada que cobria levemente
as longas pernas da mulher, brilhava como pó de ouro cada vez que estas, com
seus movimentos ritmados interrompiam uma réstia de sol matinal que penetrava o vão da cortina do quarto,
deixada involutariamente entreaberta.
Kammil
a instalara no hotel Intercontinental de Bagdad, onde todos, desde
os gerentes, até o mais reles empregado sabiam, que fazer perguntas
inconvenientes a Kammil Haddad não era bom para os negócios, e quase
sempre péssimo para a saúde.
Era
para alí que fugia sempre que de uma maneira ou de outra conseguia livrar-se de
seus onipresentes seguranças.
Por
algum estranho motivo sempre que estava com ela esquecia-se de perguntar-lhe o
que estava fazendo quando a encontrara
aquela hora da noite no meio do deserto. Também não lhe perguntava mais nada.
Havia adquirido um ciúme mortal que o levaria a matar com requintes de sadismo
a qualquer um que se atrevesse interpor-se entre êle e sua mulher de sonho.
Yamilla
era a droga perfeita, Kammil nunca fora tão feliz, nem tão dependente.
VALLE
DEL ELQUI ( CHILE ) (31 de julho de 1990) Terça-feira
Já
fazia uma hora que o Volvo 745 i branco deixara o asfalto e se internara
pela estrada de terra, sacudido no banco
de trás, o passageiro de óculos escuros olhava a paisagem sem expressão no
rosto. Pensava que a beleza agreste daquela faixa verde no meio do deserto que
tinha frente a seus olhos não valia o desconforto desta viagem.
Enquanto
pensava o constante metralhar das pedras no chão do carro e o cheiro
de poeira misturado com suor não o deixavam esquecer de sua condição humana,
condição essa com a qual jamais se acostumara totalmente, mais por outro lado
lhe dava prazeres de outra forma desconhecidos.
Seus
pensamentos foram interrompidos pelo pequeno motorista chinês que já o
acompanhava a mais tempo do que podia conscientemente lembrar quase gritando para ser ouvido por cima do
barulho ensurdecedor das pedras batendo na lataria.
-Estamos
chegando Senhor!
Pelo
vidro dianteiro podia se ver a uma certa distância o que passaria
tranquilamente por uma colônia "hippie' dos anos sessenta. Aquele era seu destino.
O
carro parou diante da construção principal e imediatamente desapareceu dentro
de uma nuvem de poeira que teimava em seguir em frente apesar do carro já estar
estacionado.
O
cavalheiro do banco de trás deu um tempo para que a poeira baixasse e saiu do interior com ar condicionado para o que
parecia um bafo do inferno. Deviam estar uns 40 graus ali fora. Era um homen
alto, magro com um cavanhaque muito bem aparado cabelos curtos começando a embranquecer,vestido com
um terno branco impecável visivelmente de corte europeu, óculos escuros e tênis
branco. Os tênis eram um prazer que se permitia, desde que haviam surgido,
os usava sempre que havia uma
oportunidade.
Andar
com um tênis novo era quase como pisar em nuvens, e Êle imaginava saber
exatamente como era essa sensação.
-Benvindo,
parece que consequi tirá-lo do conforto outra vez!
Quem
lhe dirigiu esta saudação irônica de uma maneira que ninquém mais ousaria
fazer, foi um homen loiro de cabelos compridos tão alto e magro quanto Êle.
Olhando
para ambos alguém poderia jurar que eram irmãos, mas não poderia estar mais
enganado. O hippie tardio vestia apenas uma calça de couro.
Seu
peito desnudo era coberto apenas em parte por colares de contas multicoloridos
desses que os indios fabricam e atribuem propriedades mágicas de proteção ao
usuário.
- Por que aqui, neste fim de mundo? Perguntou o recém chegado, não se importando em
deixar transparecer o seu mau humor.
-Por
que não? Respondeu o outro demostrando pouco caso. Não sei se você que
tudo deveria saber, sabe, mas Gabriela Mistral, poetisa e premio Nobel de
literatura viveu pertinho daqui e que
eu saiba jamais reclamou de sua sorte.
-Vamos direto ao assunto. O homem de terno
branco caminhou para a varanda pondo-se
ao abrigo do sol inclemente. Sentou-se numa cadeira de lona e serviu-se de
água fresca antes de prosseguir:
-Você
sabe que não tenho o mais mínimo
interesse em seguir suando nem um
segundo a mais do necessário neste deserto. Portanto vamos ao problema tão
importante que não podia ser resolvido pelos meios convencionais e me obrigou a
vê-lo novamente.
- Estilo
é estilo, um outro teria vindo em um vulgar Mercedes 500, disse o loiro com uma
ponta de sarcasmo e sem nenhuma pressa.
-
Obrigado, respondeu o recém chegado mecanicamente, com o olhar perdido no
branco topo das cordilheiras que cercavam o vale.
-Tenho
um"cachorro louco" completou secamente depois de um intervalo de
silêncio bem estudado para dar o impacto desejado à revelação que acabava de
fazer.
O
olhar do recém chegado não se alterou, e nada em seu aspecto denotou qualquer
tipo de emoção, embora se alquém tivesse se fixado em suas pupilas teria notado
como a menina dos olhos havia diminuido até se transformar em um pontinho preto, não maior que a cabeça de um alfinete.
A
aparente calma exterior escondia uma explosão interna de alguns kilotons de
adrenalina.
- Ou
deveria dizer "cadela louca", para ser mais exato, completou
acercando-se do homen de branco e quase sussurando essa última frase em seu
ouvido.
Êle estava se divertindo, isso era óbvio.
Êle estava se divertindo, isso era óbvio.
O
homen de branco virou lentamente a cabeça até fixar seus olhos nos olhos do
outro com um olhar que poderia perfurar o aço mais resistente e disse
pausadamente:
- E
desde quando você precisa de mim para conter uma mulher, ainda que seja uma das
suas?
- A
imaginação não é mesmo um de seus fortes, não é verdade? Eu achei que você se interessasse em pelo menos
perguntar o nome da fujona, mas acho que essa estória de onipotênte e
onisciente lhe subiu à cabeça, depois de
tantos séculos de crença até você pensa saber, ainda que não queira, todos os
meandros da mente humana. Talvez tenha esquecido que entre nós essa babaquice
não funciona, como dizem os nativos “entre gitanos no se le la suerte”, mas hoje
me sinto, bem portanto vou economizar o suspense. Sabe quem está fora de meu
contrôle e a solta nesse seu arremêdo de planeta?
Um
olhar sem absolutamente nenhuma emoção foi a única resposta. Diante da impasividade
do interlocutor o loiro irritou-se e berrou.
-LAIL-AH!
LAIL-AH!
O nome
ecoou entre gargalhadas no vale cercado por cordilheiras.
- A
sua LAIL-AH, a solta!- disse apontando
teatralmente um dedo acusador ao recém chegado.
De
repente o rosto inexpressivo do homen de branco perdeu sua dureza e gotas de
suor surgiram como por encanto em sua testa e têmporas rolando em seguida pelo
pescoço indo empapar o colarinho de sua camisa Valentino.com uma mistura de pó
e adrenalina.
- E
onde ela está? - perguntou inocente, totalmente pêgo de surpresa.
O
pequeno motorista chinês que havia voltado para o carro mas mantivera os vidros
abertos por curiosidade aguentando o calor e dispensando o conforto do ar
condicionado virou o olhar para o outro lado para não ter de encarar o seu
Senhor nesse estado, mas ouviu perfeitamente a resposta do outro homem que
atingiu seu patrão como um "jab"no baço.-
-Sei
lá onde ela está! O onisciente, como se diz por aí, é você, não é mesmo Rick?
Por
uma questão de praticidade e também porque os tempos haviam mudado e hoje um individuo sem nome e
documentos que comprovassem ser ele quem dizia ser não poder práticamente nem
sair da própria cama , o homen de
branco havia adotado já a várias décadas o nome de Rick Hammad. O primeiro nome
em homenagem a "boggie"- Humprey Boggart - o qual conhecera
pessoalmente e até convivera ocasionalmente depois de vê-lo
em "Casablanca" pelo menos uma dezena de vezes encarnando Rick Blaine
.
Hammad
talvez para lembrar uma origem lendária ou por achar que teria algo a ver com
Casablanca , afinal como se dizia "inescrutáveis eram os desígnios do
Senhor" e para quem já havia atendido até pelo nome impronunciável de
IHVH, o atual não obstante ser pouco pomposo para designá-lo estava bom demais.
Rick
ainda não se havia recuperado do duro golpe acertado por seu, por assim dizer
anfitrião, e sua mente vagava milênios atrás em um tempo desconhecido dos
mortais, quando foi novamente chamado à dura realidade pela voz agora tranqüila
e pausada de Pablo. Este era o nome adotado pelo seu interlocutor nessa ocasião
visando talvez dar um tom local ao
personagem que havia resolvido interpretar sem importar-se a mínima
para o fato deste ter sido o nome de um dos princípais apóstolos de Cristo,
afinal isto não era seu problema, êle achava que o nome lhe caia bem, e isso
era o suficiente.
-
Desculpe a brincadeira disse, mas você sabe, perco o amigo mas, não perco a
piada. E depois, a última coisa a se perder é o bom humor, não acha?
Não
houve resposta.
-Quando
foi?
-Dois
dias atrás, até onde pudemos verificar por volta das onze da noite horário de Greenwich, houve um forte
distúrbio magnético, o que indicava
que alquém ou alguma coisa havia consequido abrir um dos portais lacrados.
Quando
fomos investigar... Lail-ah já era.
Rick
levantou-se.
Não
houve despedida, pelo menos nada que o pequeno chofer chinês pudesse haver
identificado como tal, somente um silêncio durante o qual se podia ouvir
o vento correndo por entre as cordilheira que muravam o vale pelos dois
lados. Ficaram se olhando fixamente por alguns segundos sem que Pablo tirasse
dos lábios o sorrisso zombeteiro que estampara no seu rosto desde que revelara
ao outro a identidade da fugitiva. Então sem dizer uma palavra Rick entrou no
carro.
Yu-
Ling,- este era o nome do pequeno motorista chines - sem virar para trás evitando
ver a dor que se estampava no semblante de seu amigo e senhor perguntou:
-Para
onde Senhor?
A
voz que respondeu parecia vir de um poço profundo e era fria como deveria ser a
água que porventura existisse no fundo desse.
-
Santiago.
O
Volvo arrancou suavemente com seus vidros fechados. Dentro, o único ruido que
se ouvia era o suave zumbido do ar condicionado ligado no máximo, e dos eternos
pedregulhos que metralhavam o chassis atirados contra êle pelo rodar dos pneus.
Pablo
da varanda contemplava aquela máquina magnifica que se perdia no meio
de uma inevitável nuvem de poeira rumo a La Serena.
Dentro
dela ia seu contra-parte, seu inimigo número um, segundo toda literatura que havia a respeito, apesar disso não pode deixar de sentir certa pena
do homem, por um momento deixou de representar seu papel e o sorriso
desapareceu de seu rosto.
Se
alguem podia evitar a catástrofe que
estava por vir, esse alguém só poderia ser Êle, e iria precisar de toda ajuda
com que pudesse contar, não importando de onde viesse. Ao dirigir-se para a
porta da casa percebeu um índio Mapuche que o olhava a pouca distância, como
que tratando de entender o que acontecera, uma vez que todo diálogo entre os
dois se havia produzido em hebraico, e foi nesta mesma lingua que Pablo gritou
ao homem.
-
Você poderia crer que esse homem me odeia só porque sou mais bonito que êle? E
entrou na casa.
Cerca
de uma hora depois o oceano Pacífico estendia-se gelado frente aos olhos
dos dois ocupantes do Volvo Branco que se aproximava de La Serena, a
partir de agora desceriam para o sul em direção a Santiago deixando o oceano
à sua direita por algumas dezenas de kilometros e depois começando a afastar
-se dele numa leve diagonal para a esquerda que os levavaria a Ovalle, depois
de volta ao mar em Los Vilos e dai para frente cada vez mais distantes
do mar e mais proximos à capital do Chile. Este era o caminho mais curto,
desprezando a vista maravilhosa com direito a pinguins e leões marinhos do
caminho turístico que segue beira mar até Viña Del Mar e Val Paraiso, para depois continuar
em perpendicular até Santiago aumentando assim a cansativa viagem em pelo menos
cem kilometros.
Até onde Êle sabia Lail-Ah estava solta há
dois dias portanto não havia tempo a perder com as maravilhas que êle próprio
havia criado, mas sim dedicar todo seu tempo a consertar um erro que havia
cometido ao tentar criar uma companheira para sí próprio que se tornara
mortalmente perfeita.
Leia aqui o primeiro capitulo de Vidas " Diversão Mortal"
Segundo livro da trilogia de Rick Hammad
CAPÍTULO
1
A FELICIDADE NÃO CAI DO CÉU
O pequeno monomotor Piper Saratoga II TC fazia um vôo tranqüilo e seu
piloto já começava o procedimento de aproximação para aterrissar no aeroporto O’Hare, em Chicago. O céu azul de um meio dia
ensolarado, sem rajadas de vento vindas do lago ¾ normais nesta época do ano ¾ antecipava um fim de férias
sem maiores contratempos.
No comando de seu brinquedo
de mais de trezentos e cinqüenta mil dólares ia James Brady, trinta e dois
anos, engenheiro da NASA. A seu lado, sua jovem mulher Anne, no banco de trás
suas duas filhas, Tammy e Carolyn, com doze e dez anos, respectivamente. O
quinto e o sextto assentos na terceia fileira estavam atopetados de bagagens
que não haviam cabido no compartimento a elas destinado
As duas meninas, com suas
vozes estridentes, tentavam sobrepujar o barulho do motor cantando Frère Jacques, enquanto Anne tentava dar
um jeito nas quinquilharias que trazia em sua bolsa, lembranças das férias nos
Grandes Lagos, quando de repente, algo enorme e preto adentrou a cabina,
arrebentando o plexiglass que os
separava do frio vazio de fora.
O ruído que se fez de fundo
musical à tragédia era ensurdecedor.
Ao inclinar o avião e fazer
uma curva em direção ao funil de aproximação, para a tomada da cabeceira da
pista em um procedimento de rotina, James havia se chocado quase de frente com
um urubu, vindo de algum lugar debaixo deles.
Por
causa desse “quase”, ainda teria a seu favor a integridade das pás da hélice.
A vítima emplumada entrou em
pedaços mal-cheirosos cabina adentrou, um deles grande o suficiente para
colocar James a nocaute.
O avião despencou como uma
pedra por dois mil metros. Quando apenas uns quinhentos os separavam do solo e
da morte certa, ele acordou em meio aos gritos de sua mulher e das meninas.
O vento arrancava lágrimas
dos olhos que, à custa de muito esforço, conseguia manter semi-abertos.
Lágrimas misturadas com sangue escorriam para trás por suas têmporas, dando a
seu rosto a aparência de uma máscara de Kabuki.
Para aumentar ainda
mais o desconforto, as pontas dos fios de cabelo, que haviam ficado sem corte
durante todas as férias, açoitadas pelo vento da hélice, somado à velocidade da
queda, chicoteavam furiosamente seu rosto, fazendo com que sentisse como se uma
infinidade de alfinetes lhe picasse a pele.
Sem mesmo ter certeza do que
estava fazendo, guiado apenas por um reflexo condicionado, puxou o manche com
toda força para junto de si.
Durante o que pareceram ser
intermináveis segundos, este não se moveu. Sentia em seus dedos crispados a
força do vento que parecia querer arrancar os flaps de seu mecanismo na asa e destroçar o que restava do pequeno
avião.
O sangue que lhe escorria
pela testa ardia em seus olhos e começava a cegá-lo. Tudo parecia ocorrer em
câmera lenta.
De repente, o manche começou
a ceder e ele conseguiu trazê-lo aos poucos até perto de seu peito. O movimento
veio acompanhado de uma sensação de esmagamento. Sentiu seu corpo achatar-se
contra o fundo do assento e uma forte náusea. Seu cérebro conhecia esta
sensação.
Ele estava conseguindo tirar
o avião de seu mergulho mortal. Tirou uma mão do manche para limpar o sangue
dos olhos e tudo escureceu.
Os gritos agoniados de sua
família começaram a distanciar-se, dando lugar ao nada, silencioso e perene.
Pelo menos, no que dizia respeito ao que, a partir deste momento de sua vida,
poderia ser explicado sem discussão.
Houve uma explosão que
pareceu muito distante.
Haviam morrido todos os ocupantes do pequeno avião.
Ou pelo menos assim pensaram os paramédicos que primeiro chegaram ao local do
acidente.
James, na verdade, não
conseguira tirar o aparelho de seu mergulho a tempo, já estava baixo demais e
terminou espatifando-se em uma caixa d’água de uma pequena granja, apenas a uns
poucos quilômetros do aeroporto.
Todos os corpos foram
deslocados para o Hospital Central de Chicago e de lá para a morgue, aguardando
identificação. Foi aí que um enfermeiro residente, não sem antes levar um
tremendo susto, percebeu que uma das vítimas ainda respirava.
Leia aqui o primeiro capítulo de Deus Joga Dados:
Último livro da trilogia de Rick Hammad
Capitulo1
O INÍCIO DO FIM
Pyongyang
– Segunda-feira 10 de setembro de 2001
20:30
h.
Kim
Hoon estava nu da cintura para cima quando seus olhos encontraram a si próprio
no grande espelho de seu quarto de vestir. O que viu não o decepcionou.
A
mistura dos genes de sua mãe coreana, com os de seu pai, um diplomata de
carreira francês, havia resultado em um homem alto moreno com olhos felinos de
um azul transparente que lembrava praias tropicais.
Os
músculos perfeitos e a pele cor de bronze eram resultado de seu trabalho.
Ele
era o mais novo general do Exército Regular da Coreia do Norte.
Seus
traços, estranhos para os de sua raça materna, eram extremamente atraentes quando vistos por olhos ocidentais.
Esse
era um fato do qual Kim Hoon tinha total ciência e que, de forma até natural,
transformara em um recurso que manejava com graça e desenvoltura para alcançar
seus objetivos, fossem eles no
cumprimento dos deveres de seu ofício, ou simplesmente para massagear seu ego
de macho oriental.
Embora
o número de mulheres ocidentais em Pyongyang fosse ridículo para uma cidade do
seu tamanho, a maioria delas que merecesse uma segunda olhada em qualquer
capital do mundo já havia passado pelo menos uma vez por sua cama.
As
recordistas na sua maioria eram mulheres de diplomatas russos, que depois da
era Gorbachev haviam melhorado muito, tanto no quesito de idade como no de
sofisticação. Os comunistas haviam descoberto que poder não combina com mulher
feia e partido para uma onda irreprimível de divórcios onde trocavam mulheres
que lembravam as comedoras de batatas de Van Gogh por modelos e prostitutas
profissionais que na maioria das vezes não tinham a idade de suas filhas mais
velhas, fato esse, que Kim Hoon agradeceria diariamente a seus deuses se
porventura o estado o permitisse tê-los.
Algo
em sua descendência o fazia imune às mulheres locais que não o atraíam, da
mesma forma que não eram atraídas por ele. Talvez porque o lembrassem de sua
mãe a quem ele respeitava com o lado oriental de sua personalidade e com tudo
que isso implicava. Ele a queria muito, mas era prudente manter sempre certa
distância dela.
Quando
seu pai morreu, tinha quinze anos de idade. Eram os anos setenta, todo mundo
enlouqueceu, menos Kim Hoon Carpentier. Foi quando com sua mãe voltou para Kae
Song a cidade natal dela, que agora por causa de um tratado e alguns poucos
quilômetros estava situada na Coréia errada; a do Norte
Seu
avô materno era general do recém formado Exercito Regular de seu novo país. O
homem tinha uma personalidade forte e em pouco tempo tinha total domínio sobre
o neto que via pela primeira vez. Sua mãe, uma pacifista, tentou a todo custo
evitar o que se mostrou inevitável. Para não perdê-lo acabou aceitando as exigências
do pai que primeiro eliminou o Carpentier do nome do neto, depois o encaminhou
para a carreira militar. Desta maneira Kim Hoon
foi preservado da música Disco e das calças boca de sino, fato que tanto
ele quanto ela concordavam não lamentar.
Ela
suportou tudo sem reclamar e sem perder o controle sobre os hábitos do filho
adolescente que trazia com rédeas curtas.
- A velha não era fácil - pensou consigo mesmo - mas
acho que se soubesse o que estou prestes a fazer para tornar esse mundo mais
justo ficaria feliz com minha carreira.
A mãe seguia vivendo em Kae Song. Pessoas de idade como
ela eram “encorajadas” a sair de Pyongyang, cidade onde até bem pouco tempo
eram proibidos idosos, pedintes ou mulheres grávidas. O cargo ocupado por Kim
Hoon com certa facilidade faria com que os responsáveis por esses cuidados para
com o visual da cidade fizessem olhar de mercador para a presença dela em suas
ruas e praças.
O
problema era ela. Jamais aceitaria sair do velho quarteirão, espremido com seus
velhos pagodes entre a estrada principal e o rio, como um bastião inexpugnável
resistindo bravamente ao avanço das largas avenidas da moderna cidade de
aproximadamente duzentos mil habitantes.
Para
ela Kim Jong-Il, conhecido como “o amado líder” não passava de um débil mental.
Imitação burlesca de Kim Il-Sung, outro canalha que deveria estar queimando no
inferno. Opinião que ele compartilhava secretamente – o que lhe mostrava que a
lavagem cerebral praticada pelo avo não fora nem de longe um sucesso -, mas se
não fossem eles com seu poder absoluto, de que outra maneira alguém como Kim
Hoon poderia ter ao seu alcance os meios
para botar o mundo de joelhos e castigá-lo pela arrogância com que os países
ricos se impunham aos mais pobres.
- Globalização uma porra! – pensou em voz
alta.
Aquela
merda de ditadura iria finalmente servir para algo. E o melhor é que o algoz de
plantão nem suspeitava do que estava por vir.
Vestiu
a camisa e pôs uma gravata sóbria. Anelice Binot, repórter do Paris Match com
certeza apreciaria sua gentileza de comparecer ao jantar que haviam combinado
trajando roupas civis. Tentou descrevê-la mentalmente, com base nos péssimos
vídeos de segurança do aeroporto que havia visto rapidamente, e a imagem de
Catharine Deneuve no filme “Indochina” lhe veio à cabeça.
Talvez
um pouco mais nova que a atriz, mas com aquele charme e encanto atordoante das
mulheres que a maioria dos mortais só conhece em sonhos.
Ela
havia chegado à Pyongyang na sexta-feira à tarde, apenas três dias atrás.
Embora
fosse uma pessoa esperada e com ligações importantes passara o fim de semana e
até onde fora informado todo o presente dia em instalações do estado tentando
cumprir com as demandas infindáveis da burocracia local. Durante a semana o
estado era terrível, no sábado e domingo qualquer pessoa que precisasse de seus
serviços preferiria dar um passeio a pé no sétimo círculo do inferno. Até
porque segundo o estado ele não existia. A idéia desenhou um sorriso no rosto
de Kim Hoon .
O
jantar era para buscar uma solução para os problemas da moça.
Sua
empresa havia feito os contatos necessários através da embaixada para conseguir
algumas poucas facilidades, indispensáveis em se tratando da Coréia do Norte,
para que ela pudesse realizar as fotos. A reportagem usaria como pano de fundo
algumas paisagens da cidade e dos arredores para as roupas de inspiração
asiática desenhadas por alguma bicha européia de cujo nome ele não recordava.
Como sempre após chegarem deram-se conta que ninguém sabia de nada e as
autorizações dificilmente sairiam a tempo sem a interferência de alguma
autoridade local. Aí entrava Kim Hoon.
Com
ela estavam cinco modelos francesas, um fotógrafo chileno, que parecia estar
comendo todas elas, um maquiador francês, gay que parecia apaixonado pelo
ajudante do fotógrafo, um brasileiro preto de uns vinte e cinco anos. Por
último uma senhora de uns cinqüenta anos, a costureira. Estavam todos
hospedados no Hotel Ko Ryo, uma imponente construção de 45 andares que
possibilitava uma vista de toda a cidade desde a maioria de seus quinhentos
quartos.
Como
mais da metade deles – todos nos andares mais baixos - nunca haviam sido
totalmente habilitados a possibilidade de que qualquer hospede ficasse sem uma
vista panorâmica deslumbrante era totalmente descartável, mas o turista não
precisava saber disso e pagava mais caro por esse privilégio obrigatório.
Ficara
de encontrá-la às 21h, e seria melhor que jantassem no restaurante giratório no
topo do hotel, - o local sempre impressionava os visitantes que se esqueciam um
pouco de onde estavam e da cozinha que apesar de ser de qualidade para os
padrões asiáticos, estava longe de qualquer bom restaurante do ocidente e só
servia pratos ocidentais – decisão de algum gênio do marketing do hotel. Qualquer opção do cardápio local não
somente encheria os olhos de sua companheira esta noite, como não lhe daria a
oportunidade de compará-la com qualquer outra refeição que com toda certeza
degustara em algum lugar melhor antes, mas para que isso tivesse sido possível
o hotel teria que ser avisado com pelo menos três dias de antecipação, tempo
que ele não tivera. Entre outras facilidades estava a de que em havendo a
possibilidade de passar pelo quarto dela o faria sem ter que expor-se na
portaria, o que era sempre comprometedor mesmo sendo ele quem era. Por outro
lado, em toda Pyongyang não encontrariam nada melhor em uma segunda feira. O
país já há muito tempo estava sofrendo de falta de alimentos. O que havia de
melhor estava no hotel para os escassos turistas e eventuais homens de negócio
provenientes em sua grande maioria da Europa. É claro que o objetivo do governo
não era fazer parecer aos de fora que tudo andava bem na República Democrática
do Povo da Coreia. Afinal de contas qualquer pessoa medianamente esclarecida
sabia da merda que era atualmente seu país. A idéia era dar algum conforto a
eles para que eventualmente voltassem. Dólares eram sempre bem-vindos. Fora do
hotel o melhor que se poderia conseguir seria comer um pato na TongIr (rua da Unificação)
com uma Pong Hak a única cerveja disponível. Já no Ko Ryo com um pouco de sorte
podia-se até conseguir uma Budwaiser.
O
fato de falar perfeitamente francês o indicava para uma série de serviços de
inteligência para os quais a língua e o requinte de um bem-nascido eram
necessários para compor um personagem insuspeito das boas intenções da Coreia
do Norte com o resto do mundo.
Os
integrantes do eclético grupo de hóspedes haviam sido investigados um por um
pelo serviço secreto e nada que comprometesse o passado de qualquer um deles
mais do que uma infração de trânsito havia surgido, na verdade eram tão reais e
boa gente que só poderiam ser espiões.
E
que importância esse fato teria na quarta-feira? “Nenhuma”, pensou.
Quarta-feira
graças a ele o mundo como conhecemos não existiria mais, a sua pátria não seria
mais uma nação isolada do resto do mundo por seu atraso tecnológico com a
economia afundando a uma taxa de 5% a 6% ao ano. Passaria a ser “apenas mais
uma” entre o resto das nações do planeta, todas atiradas inesperadamente ao
caos. Não seria exatamente o fim do mundo, era mais um novo começo, agora com
chances iguais para todos. Uma tarefa digna de um deus, mas deuses eram
proibidos nesta terra onde as igrejas e templos somente serviam como atrações
turísticas e o Confucionismo era a ordem do dia há mais tempo do que ele podia
lembrar, as autoridades talvez tivessem razão, uma vez que alguém como ele
estava para fazer o que ele estava, talvez até fosse uma nova espécie de deus,
um deus que no momento tinha fome e se tudo desse certo pretendia comer a
Catherine Deneuve antes do fim do mundo marcado para dali a dois dias.
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