O Ovo da Serpente
Por H. James Kutscka
Desde tenra idade (graças a meu pai) fui apaixonado pela
sétima arte.
Até hoje toda vez que como um sanduiche com queijo
derretido, lembro do filme de De Sica: “O ladrão de bicicletas” no qual em uma
cena, Antonio Ricci (o personagem que teve a bicicleta na qual havia investido
todas suas economias, roubada e sem a qual não poderia trabalhar colando
cartazes) e seu filho Bruno procurando-a
por toda Roma, param em um café e Bruno que teria uns oito anos, ganha
um sanduiche que ao morder e afasta-lo da boca faz com que o queijo derretido
forme uma ponte de delicia entre o pão e seus dentes.
Creio que desde então ninguém conseguiu uma melhor
expressão para mostrar o que os publicitários anos mais tarde viriam chamar de
“apetite appeal” e leve-se em conta que a cena era em branco e preto.
Eu tinha então seis anos.
Mas nem tudo na minha experiência de imersão na mágica sala
escura foram flores, dois filmes me fizeram sentir mal e perder o sono. O primeiro
em 1970, Soldier Blue”, ( Quando é Preciso Ser Homem) dirigido por Ralph Nelson que seguindo a escola revisionista
criada por Sam Peckinpah em “Wild
Bunch“ (no Brasil apresentado como “ O
Ódio Será Tua Herança) onde as mortes eram mostradas pela primeira vez em
câmera lenta em toda sua violência.
O filme de Ralph Nelson retrata na tela grande em detalhes,
o cruel e vil massacre de Sand Creek
onde o General John Chivington
comandando uma tropa de cavalaria
de 675 homens, extermina uma tribo composta de 230 pessoas entre Cheyennes
e Arapahos. Dois terços das vítimas
foram mulheres e crianças.
O resto eram índios velhos demais para lutar.
A violência das imagens ficou gravada para sempre nas
paredes do meu cérebro como os desenhos rupestres das cavernas de Chauvet no
sul da França.
O segundo, “The Serpent´s Egg” (O Ovo da Serpente) Filme de
1977 dirigido por Ingmar Bergman produzido por Dino de Laurentis, cujo
distribuidor para o mundo tive o prazer de conhecer em Los Angeles e através da
influência de seu cargo consegui ser recebido em vários dos maiores estúdios e
conhecer alguns artistas famosos.
O nome do filme veio da frase proferida por Brutus na peça
Julius Caesar de Shakespeare: “Portanto pense nele como um ovo de serpente que
eclodiria no momento em que sua espécie se tornasse perniciosa. E mate na casca.
O filme se passa em outubro de 1923 na Alemanha, princípio
da república de Weimar que acaba em 1933 com Hitler se transformando em
chanceler “Der Füherer”.
No filme, David Carradine no papel de um trapezista em uma Berlim
dominada pelo caos, diz a seguinte frase icônica: “Acordo de um pesadelo e a
vida real é pior.
De 1923 a 1938 Hitler teve quinze anos para doutrinar a
juventude nazista que junto com suas tropas, foram responsáveis por mais de 40
milhões de mortos nos seis anos em que durou a guerra.
Para eliminar o mal, outros milhões deram sua vida.
Mesmo assim, existem até hoje seguidores do nazismo, da
mesma forma que apesar dos 100 milhões de mortos vítimas do comunismo, ainda
existam seguidores da doutrina.
Pensar que se pode dialogar com o fascismo ou comunismo (dois
lados da mesma moeda) é um erro que pode sair mais caro do que podemos pensar
em pagar.
Nos dias atuais estamos vendo, dia a dia, a serpente se
desenvolver dentro do ovo.
Graças à fina membrana característica dos ovos de répteis, podemos
ver a fera peçonhenta crescendo no seu interior.
Ao longo de mais de trinta anos, nossa juventude foi
doutrinada nas escolas e universidades (por aqui a esquerda seguindo os
princípios de Gramsci teve mais tempo do que Hitler).
O que está acontecendo hoje no nosso país é que começam a
eclodir os primeiros, de milhões de ovos.
Já não dá mais para tentar evitar o desastre com diálogo.
A cada dia que passa as hostes do mal se tornam mais
fortes.
Urge derrotá-las enquanto é tempo.
Para tanto não devemos nos omitir do uso de força maior.
A vida não é um filme, nela se necessário, os atores estão
dispostos a morrer de verdade.
É hora de romper a corda que vem sendo estirada pelas
instituições alimentadas pela corrupção, se agirmos de maneira rápida e
contundente, talvez ainda possamos evitar uma mortandade igual ou superior à da
segunda grande guerra, que muitas vezes penso ser o objetivo principal que se
esconde por trás dos defensores da NOM (Nova Ordem Mundial).
Se queremos liberdade, devemos estar dispostos a lutar por
ela.