Clipping

Artigo da sema
Artigo sobre a influência judaica
na literatura brasileira
 para a revista Morashá












Artigo sobre os judeus no Rio de Janeiro
nas décadas de 1920/30.
Para a revista Morashá 
















Artigo  revista Morashá Pessach 2015
Museu Judaico de São Paulo










Ninguém sabe o que está lá fora.

Um tributo a Vilén Flusser


Por H. James Kutscka

Não sei bem porque, talvez  como resultado dos últimos acontecimento , decapitações  perpetradas por  membros do estado islâmico postadas na internet, corrupção e impunidade de políticos  e empreiteiros que com seus atos e sua ganância  obrigam o povo a espremer-se  nos corredores de hospitais  onde não existem médicos ou medicamentos, pelas mentiras ditas a todo momento como verdades dogmáticas , andei  relembrando Kafka.
Há muito tempo atrás conheci um seu primo irmão com o qual tive a felicidade de conviver durante um ano em que ele me instruiu sobre filosofia, arte e critica.
Lembro, é claro com lacunas causadas pelo passar do tempo, mais de quarenta anos, de um conto de Franz,  era  como ele se referia a Kafka,  que tentarei narrar, com minhas palavras e como me recordo.
Desde já peço que perdoem possíveis desvios do original, no caso o que importa  é a mensagem que ficou gravada na minha cabeça e pretendo manter viva.
- Se algum dia você for para Praga, entre as inúmeras atrações que a cidade oferece na primavera, estão suas praças com jardins extremamente bem cuidados.
Atravessando uma delas você encontrara do outro lado um antigo hotel de uma arquitetura admirável, como quase tudo  que se vê em  Praga.
Eu diria que é um bom lugar para se hospedar enquanto estiver na cidade. 
Ao cruzar suas portas de vidro bisotê jateado de areia em sua maior parte, escondendo seu interior atrás  de uma névoa vítrea  que  apenas permite distinguir vultos negros,  com certeza  irá estranhar  as inúmeras camas de campanha  espalhadas pela recepção luxuosa e o movimento ágil  das enfermeiras entre uma verdadeira floresta de árvores de metal  de onde  pendem como frutos vermelhos  vidros  de sangue e plasma  ligados por raízes tubulares   transparentes  aos corpos   abaixo tentando aliviar  o sofrimento dos feridos que nelas aguardam uma palavra de esperança , uma dose de morfina  ou uma simples visita  da morte que os livre  da dor.
Se você conseguir cruzar esse labirinto de caos e atingir a recepção será com certeza  atendido por um simpático  gerente  aparentemente alheio ao que se passa a seu redor.
Ele não lhe fará perguntas muito menos lhe dará respostas.
Com um sorriso acentuado por um fino bigodinho preto muito em moda na década de vinte  do século passado, lhe estendera a mão com uma chave  e lhe dará  as boas vindas  ao estabelecimento.
Não haverá nenhuma outra comunicação será como se ele o conhecesse de toda uma vida e  você soubesse exatamente  a que quarto  se dirigir com a chave  que não  possui  nenhuma identificação  de  quarto. 
Cabe ai um conselho:
De posse da chave, você deverá dirigir-se rapidamente a um dos elevadores de portas pantográficas  que se situam   à esquerda  da recepção  escolher um andar  e procurar uma porta  na  que ela  funcione.
Se porventura a encontra-la é bom que entre o mais rápido possível e cerifique-se de a haver trancado bem por dentro.
Faz quase um século que Kafka se foi, mas esse seu conselho vindo até mim através de meu mestre ainda vive em mim.
Como escritor creio saber bem ao que ele se refere.
Tenham a mais absoluta certeza de que se um dia eu encontrar a fechadura  na qual funciona a chave  que tenho farei exatamente o sugerido, seja em Praga seja onde for.
Ninguém sabe o que está lá fora. 


09/07/2015







                      Estoicismo                                               

                                                                                                        Por Hilton James Kutscka




Em recente artigo publicado na seção dedicada à cultura da revista Veja, leio ( atrasado) sobre o renascer do interesse dos leitores por Sêneca segundo o autor ( que seguramente pesquisou as livrarias para obter esses dados ) a procura de livros sobre o pai do estoicismo como caminho para a felicidade aumentou significativamente nos últimos tempos.

Se levarmos a serio, essa informação, estamos com graves problemas além dos que já conhecemos, mas o autor não pensa dessa maneira, tanto que termina o texto com a seguinte consideração sobre o fenômeno: “Ainda assim diante de todas tempestades perfeitas que se formam nos céus brasileiros uma boa dose de estoicismo fará bem a todos”. O articulista ( do qual não pretendo citar o nome) dessa forma está fazendo um serviço na medida para o governo que nada mais quer nesse momento que o acomodamento do povo para perpetuar-se no poder.
Foi ai que a coisa pegou.
O que menos o brasileiro precisa agora é ser estoico. Para quem não teve a oportunidade de conhecer a obra de Sêneca, ele é o pai do que no português espontâneo que se ouve nas ruas seria o “Estou cagando e andando”.
Não importa o que se passe, estou cagando e andando, esse seria o segredo para se alcançar a felicidade hoje por aqui e na Roma de seu tempo.
Sêneca nasceu no ano 4 aC e viveu até 65 dc contemporâneo do imperador Nero ( Yes, o doidão do primeiro show com efeitos pirotécnicos da história, aquele que pôs fogo em Roma para criar um cenário adequado à sua arte) de quem foi preceptor a partir de 41dC.
Senador Romano, e conselheiro de Nero, era dono de considerável fortuna o que de certo modo facilita bastante na arte de cagar e andar para os problemas alheios) condição que no meu modo de ver justifica plenamente o conceito de estoicismo que aparece em seu tratado filosófico Consolaciones ( nome bem apropriado pra quem se consola com a merda que eventualmente o cerca) O que pode de certa forma dar um sentido aos fatos é que Sêneca encontrava-se no exílio por crime de adultério quando criou esse conceito. Abatido certamente sofria de depressão, então encerrar-se em si mesmo seria uma maneira compreensível, embora não me pareça nada saudável, de diminuir o sofrimento.
O estoicismo é uma espécie de covardia e não passa de ilusão, você não pode simplesmente “cagar e andar” para a conta de luz, o aumento o irracional da gasolina, para a inflação, o descaso para com a saúde pública, para a insegurança total em que tentamos sobreviver, para a ignorância de quem por vontade popular ou das urnas eletrônicas hoje detém o poder.
O tal artigo lembrou-me da frase tão usada pela igreja na idade média para manter os pobres aldeões sobre seu controle e do dono das terras onde viviam : “Mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico adentrar no reino do Céu”
Isso consolava mentes incultas e ainda hoje consola.
Não.
Recuso entregar minha consciência ao estoicismo como recurso para ser feliz.
Para ser feliz preciso saber que moro num país democrático, decente, onde a corrupção será punida exemplarmente. Não quero filosofia, quero ação, quero que as pessoas honestas e trabalhadoras não desistam da luta pelos seus direitos, até porque à diferença dos que podem fazê-lo, eu não estou “cagando e andando para meu país”.
O processo para a mudança talvez vá doer, mas não importa.

16/01/16


Nossa despótica Liga da Injustiça

Por: H. james kutscka

 

Aqueles de meus leitores que  como eu são aficionados da nona arte (para os neófitos HQ´s) saberão perfeitamente a que eu me refiro nesse artigo, aqueles que não o são, se me derem o prazer de seguir lendo, aumentarão sensivelmente o nível pessoal de cultura inútil e talvez passem a apreciar a arte sequencial.

Não vou gastar meu latim para falar do óbvio: heróis como Superman , Batman, Mulher Maravilha  e outros bons moços e moças,  integrantes  da Liga da Justiça de um mundo de fantasia, mas para falar de um mundo quase real abordado por Garth Ennis, roteirista de quadrinhos nascido em 1970 em Belfast, na Irlanda do Norte ( no caso da Irlanda isso faz grande diferença, a do sul tem sua maioria católica e é uma república independente, já na do norte que segue pertencendo ao Reino Unido, as desavenças entre protestantes e católicos  seguem fazendo vítimas até hoje). 

Ter nascido nessa região de conflitos, talvez tenha sido o principal motivo desencadeador de seu genial texto repleto de humor negro, violência e sarcasmo.

Seus personagens quase sempre envolvidos com religião e problemas de violência, são uma mostra cruel do que a humanidade tem de pior e paradoxalmente de melhor.

Suas criações para os quadrinhos como: Preacher , HellBlazer (John Constantine), The Punisher ( Well Comeback Frank e Born) devido a qualidade  e ineditismo foram promovidas, e para alegria dos fãs, ganharam vida no cinema e televisão.

 

No meu entender sua única pisada na bola foi com “Crossed”, onde “exagerou no exagero”, mas essa e apenas a humilde opinião de um admirador.

Mas nesse artigo o que nos interessa é sua genial criação “The Boys”, série extraída dos quadrinhos espetaculares do mesmo nome lançada o ano passado pela Amazon Prime, (onde já está em sua segunda temporada) e hoje é exibida no SBT aos sábados às 00:30 h.

A série, recheada de super heróis com suas roupas e capas espalhafatosas, traz uma novidade brutal ao mundo da fantasia, novidade que aproxima muito os personagens ao mundo real: nela os bandidos são os verdadeiros heróis, e os heróis, cheios de super poderes os reais bandidos.  

“Poderes absolutos corrompem absolutamente”,  assim teria se expressado Lord Acton.

A série que desnuda heróis sem caráter abusando de seus poderes em benefício próprio e de uma corporação, é extremamente bem produzida e mostra como seria na realidade uma sociedade onde existissem pessoas com poderes especiais que as diferenciasse dos reles mortais circunstantes.

Recomendo a todos meus leitores que assistam e me digam se  a Vought Internacional, corporação  à qual pertencem os  “heróis”  da série com nomes  como:  “Homelander” chefe dos “SETE” (uma Liga da Justiça hipócrita), “Queen Maeve”,  “A Train”, “The Deep” , “Black Noir”, “Storm Front” e por fim uma infeliz que foi de tonta, “Starligth”, não os lembra uma instituição nacional na qual, (como dizem nossos vizinhos tudo é proverbialmente maior), os “ONZE” e não sete, compõem uma liga de seres diferenciados  com super poderes.

Nossos “heróis” são conhecidos por nomes como: Lulu Boca de Veludo, Carmem Miranda, Amigo do Amigo do Meu Pai, Sapão, Beija Pé, entre outros impublicáveis e também usam capa.

Aqui a vida imita a arte.

Como na série da TV, o espectador descobre muito tarde que os heróis não nascem com seus poderes, eles lhes são dados por alguém que deles se beneficia nas sombras.   

Infelizmente, nós seres humanos sem poderes especiais, envelhecemos rapidamente e na maioria das vezes quando o conhecimento e consequentemente a sabedoria nos alcança, já é tarde demais.

Nas últimas mais de três décadas, governantes comunistas disfarçados de inocentes e bem intencionados socialistas, promoveram canalhas a cargos de poder por lealdade aos seus partidos, não por sua capacidade comprovada em exercê-los. Deu nisso!

Agora, como no seriado, cabe a nós gente sem poderes, (pelo menos não aparentes), acabar com os super poderosos antes que eles acabem conosco.

Se Garth Ennis tivesse nascido no Brasil, não precisaria ter se inspirado nas palavras de John E. E. Dalberg Acton (Lord Acton para os íntimos) bastaria assistir os noticiários da TV.

Da ficção superlativa à abjeta realidade explícita, sejam todos bem vindos ao verdadeiro mundo dos quadrinhos adultos.

 

   

 

 













Nenhum comentário:

Postar um comentário