CONTOS


Para todos amigos um conto inédito que escrevi há um pouco mais de uma semana e fará parte do livro "Contos da Fronteira da Realidade". Espero que gostem e se possível comentem.
Faço questão de frisar, sou apenas um contador de histórias, não um professor de português, e como este conto ainda não passou por um revisor pode conter alguns erros.

O Andar De Cima

Por H. James Kutscka



Em 1957 eu tinha pouco mais de dez anos quando descobri algo fantástico.  Para todos os demais moradores do prédio em que eu vivia o andar de cima do meu era o décimo, mas nem sempre para mim, para mim era o andar de cima e não tinha nada ver com corredor e portas de apartamentos e de elevadores. A única maneira de eu chegar efetivamente ao que chamávamos de décimo andar era através do elevador.

Se fosse pela escada toda vez que ultrapassava o último degrau, rompia algo como uma cortina invisível que fazia a realidade que me cercava dissolver-se ao meu  redor  como uma pintura executada  em vidro com tinta lavável atingida por um jato d´água, nesse momento eu sentia uma  ligeira tontura, como se fosse desmaiar, mas logo desaparecia, e diante de meus olhos uma verde campina surgia.

Há uns cento e cinquenta metros de onde me encontrava, - distância suficiente para ultrapassar os limites físicos do prédio - caso  estivéssemos mesmo no décimo andar -  portanto flutuando no ar acima da avenida lá embaixo , havia um  carroção  de madeira  pintado de vermelho montado sobre rodas de ferro com um letreiro  em sua parte de cima esbanjando laranjas, amarelos, azuis profundos , pretos e vermelhos  onde se podia ler em letras recortadas sob o céu azul brilhante “Museu Itinerante das Maravilhas”

Algumas pessoas vestidas com roupas do fim do século dezenove andavam ao se redor olhando com curiosidade os cartazes afixados em suas laterais, os quais traziam ilustrações das maravilhas anunciadas no letreiro, elas podiam ser apreciadas no seu interior por quem se dispusesse a pagar pelo privilégio a quantia de 25 centavos.


Quatro cavalos, que deveriam ser o motor que justificava o adjetivo “itinerante” também constante do letreiro da carroça, pastavam ali perto livres de seus arreios.

Na relva perto e algumas árvores frondosas, aproveitando a sombra alguns casais animados se divertiam em um pic-nic.

Ao longe no horizonte eu podia ver o campanário branco  que abrigava  um sino de bronze que refletia os raios do sol de uma igreja e alguns telhados de casas de uma pequena cidade do interior.

Na parte detrás da grande “carroça museu” uma escada de quatro degraus levava a uma porta que escondia seu interior atrás de uma cortina de veludo azul com estrelas prateadas recortadas em papel com purpurina prateada, pregadas no tecido com alfinetes.

Ao lado da escada estava Marko, ( que eu ainda não sabia chamar-se assim). Ele, apesar do calor, vestia um fraque com cartola e por cima da camisa branca um colete de lamê  brocado  em tons dourados e azuis fechado por dois botões  dourados e uma corrente de ouro que balançava quando ele se mexia e ia do bolso  esquerdo ao direito onde presumivelmente ele guardava seu relógio.

A primeira vez que isso aconteceu é claro levei um tremendo susto, mas não o suficiente para fazer-me desistir de explorar a novidade.  Era só não contar para minha mãe que por certo não acreditaria, mas mesmo assim me impediria de andar subindo pelas escadas.

Certifiquei-me que podia voltar para a escada que não se via mais uma vez que entrara em outro cenário, marquei sua localização da memória ela estava há um metro mais ou menos de umas flores de pétalas amarelas e miolo branco que pareciam Margaridas em negativo.

Dei um passo adiante e curvei-me. Senti mais uma vez uma tonteira leve e minha cabeça  surgiu do outro lado e pude ver os degraus da escada que me levariam de volta  a casa.

   

Assegurando-me dessa forma que o caminho para a fuga ainda estava lá, com a tranquilidade advinda da inocência que só temos por pouquíssimo tempo nessa vida, me aproximei empolgado pelas maravilhas que os cartazes prometiam dentro daquela carroça que fisicamente não poderia alojar tanta coisa muito menos estar onde estava.   Naquela idade não precisava das explicações que necessito hoje para entender as coisas. E as coisas no caso, por mais estranho que fosse, estavam ali, e isso bastava pelo momento.

Tirando do bolso uma moeda de vinte e cinco centavos, dispus-me a gastá-la sem dó.  Se lá dentro existissem as atrações prometidas naqueles cartazes talvez aquele viesse a ser o dinheiro mais bem gasto de minha vida.

Entreguei a moeda na mão gorda do homem que a olhou bem e disse.

- Como você se chama?

- Julian, respondi.

Ele era grande e forte com uma cara redonda queimada de sol e sublinhada por uma barba preta de uns dois dias sem aparar.

 -Muito prazer senhor Julian, meu nome Marko com K, o senhor não é daqui, pois não? Sorriu enquanto fazia sua pergunta afirmação.

- Acho que poderíamos dizer que sim respondi, educadamente estendendo minha mão direita que foi devidamente apertada pela dele,  eu moro aqui embaixo no nono anda , no apto noventa e dois de frente pra avenida, respondi apontando para o chão gramado e pensando se aquilo faria algum sentido para o homem à minha frente.

-Tecnicamente somos vizinhos, completei. 

- É, tecnicamente  podemos dizer que sim , disse Marko olhando para a moeda, esse  seu dinheiro não serve aqui, mas dado o fato de que somos tecnicamente vizinhos, vou lhe oferecer uma visita gratuita.

Hoje, cinquenta e seis anos depois, narrando esta história me dou conta da absoluta falta de juízo que foi ter acompanhado Marko naquela visita.  

O interior da carroça era escuro e fresco apesar do calor que estava fazendo fora, o espaço interior não correspondia ao tamanho que se via externamente, era bem maior do que a possibilidade do invólucro (no caso o carroção).

Foi ali, logo próximo da entrada que conheci a única alma engarrafada do universo, o que espantava mais do que o próprio fato de alguém ter conseguido colocar uma alma dentro de uma garrafa era o tamanho da própria. Estava recostada como se estivesse descansando em um veludo cuidadosamente amassado cor de vinho, exposta dentro de uma redoma de vidro de uns vinte centímetros de diâmetro por uns trinta de altura.  A garrafa não deveria ter mais de dois centímetros de altura e seu diâmetro teria no máximo meio centímetro.

Era com toda certeza de cristal e dentro dela não se via absolutamente nada, nem liquido nem fumaça, nada, mas a placa dourada no pedestal que sustentava a cúpula assegurava em letras gravadas no cobre: Alma aprisionada em 1823 por um demônio chinês derrotado por um monge Shao-Lin em 1929 em território tibetano. A expressão: “Uma alma é para sempre” terminava a curta dissertação sobre o item exibido.

Não havia nenhuma explicação de como ela havia acabado naquela exposição.

Por um momento me passou pela cabeça que aquilo tudo era uma tremenda enganação, aí, enquanto me afastava do display ouvi claramente uma voz dentro de minha cabeça dizer:- Impressionante como uma coisa paradoxalmente percebida como de insignificante tamanho apesar de incorpórea pode conter tanta energia, algo invisível que cabe comodamente em uma garrafinha deste tamanho talvez seja a resposta que os filósofos procuram a milênios: o significado da vida.

Como se também houvesse ouvido a voz, Marko completou:- Profundo não?   Almas são assim, principalmente as que viveram muitas vidas  e cansaram asseverou.

Uma dúvida começou a crescer em mim

Atendendo a um sinal de sua mão acompanhei-o para o outro lado do salão para ser apresentado a Safron, a fadinha loira de 15 cm de altura que com os cabelos presos em coque, vestindo um fru-fru de tule branco dançava graciosamente, toda vez que iluminada por uma pequena lanterna  que Marko havia tirado do bolso, na ponta de seus pés sobre a cabeça de um minúsculo alfinete,  seu bailado era executado ao som de uma sonata entoada por  passarinhos meio encobertos pelas sombras atrás de seu minúsculo tablado. 

Não faria isso não fosse a ajuda de suas asinhas transparentes, comentou um dos espectadores que já estava lá dentro e se juntou a nós. Vi muita gente assim na minha vida depois disso, gente que sempre tem explicação pra tudo e parece que não se maravilha com nada, mesmo assim a graça e agilidade com que interpretava bailando os trinados no exíguo espaço de seu palco, justificava plenamente o brilho detectado nos olhos mesmo dos que tentavam diminuir sua arte alegando coisas do tipo: - com asas até eu. 

Brilho que a partir daquele instante havia se estabelecido nos meus olhos para sempre.

Terminado o numero de Safron fui levado para conhecer Ceppo, o homem tronco. Ele não tinha pernas nem braços, mas podia mover todas as coisas com o poder da mente inclusive seu tronco que flutuava a mais de um metro do chão como se tivesse pernas invisíveis.  A seu convite tomamos uma salsaparrilha juntos, era como se ele tivesse braços, o copo se movia no ar até sua boca de forma natural e graciosa.

Ele me contou que nascera normal com todos os membros e órgãos de um ser humano e que com o tempo eles foram sumindo, mas não suas funções.  Ceppo devia ter uns trinta anos e me contou que achava que dentro de mais uns quinze a vinte anos deveria sumir por completo virando apenas pensamento.  Aparentemente isso não o preocupava muito, deixaria de ser uma atração bizarra, sem corpo não estaria mais preso às necessidades da carne e poderia viver sua vida em paz  dedicando-se inteiramente à filosofia.

Depois de nos despedirmos dele Marko disse baixinho: - Vou sentir falta dele quando finalmente desaparecer de todo.

Acompanhei  Marko até um  improvável picadeiro onde uma pequena multidão  aplaudia um homem alto e magro que acabava de entrar no seu centro acompanhado por um foco seguidor de luz azul.

- Esse é Nikolás o domador de raios capturados por ele mesmo em tormentas no alto do Kilimanjaro, disse Marko.

Sentamos na primeira fila.

Nikolás se ajoelhou e pousou no chão um pequeno cubo metálico que trazia nas mãos, abriu uma portinha e se afastou com seu comprido chicote de couro trançado.

Ô silêncio era total, de uma distância apropriada deu uma primeira chibatada que estalou no ar ao lado dão cubo e de dentro dele saltaram inúmeros relâmpagos provocando gritos da plateia assustada.

A partir desse momento Nikolas com seu chicote assumiu as rédeas do espetáculo, e diante de uma plateia literalmente eletrizada fazia os relâmpagos saltarem em volta do picadeiro com os estalos de seu chicote de couro rivalizando com os estalos das descargas de energia dos relâmpagos que pululavam nas suas bordas vermelhas e brancas cada vez que em seus arcos tocavam o chão .

O público gritava e aplaudia ensurdecedoramente como que aliviado por saber que um ser humano era capaz de tão inequívoca demonstração de poder de um homem sobre uma das forças mais temíveis da natureza. 

Terminado o espetáculo sempre sobre o domínio do chicote os relâmpagos voltaram a se enfiar no cubo de metal.

Nikolás se aproximou lentamente e com luvas de borracha protegendo suas mãos voltou a tampar a portinhola do cubo e tomá-lo nas mãos, ato seguido curvou-se para agradecer aos espectadores que até o momento estavam mudos em suspense e como por mágica acordaram para brindar Nikolás com o aplauso mais ruidoso que ouvi até os dias de hoje.

Naquele ano voltei muitas vezes ao andar de cima.

Marko me apresentou ao único Unicórnio ainda existente, que quarenta anos antes por infelicidade havia caído de mau jeito quebrando o chifre e agora devido a seus pelos brancos sedosos com brilhos cor de rosa parecia apenas um pônei afrescalhado.  Segundo ele um chifre de Unicórnio levava cem anos para despontar. Ia ser um prejuízo e tanto para os negócios.

Também me contou do dia em que Tony  Ballostra, o engolidor de espadas que teve um ataque de soluço durante uma performance  e acabou desistindo da profissão.

Ajudou-me a construir um planador que segundo ele, devido a um pêndulo colocado em seu centro de gravidade podia mover os flaps, airelons  e leme  mantendo-se teoricamente no ar eternamente depois de lançado com suficiente altura e impulso para ter tempo de auto  corrigir sua trajetória.

Construímos um e o lançamos do alto de uma colina. Algo deu errado e ele espatifou-se no solo uns trinta metros abaixo.

 Não teve grande importância, se funcionasse o perderíamos da mesma forma e na verdade a verdadeira diversão foi construí-lo com MarKo e sonhar com o imponderável, que eu  a estas alturas sabia  ser possível todo dia quando ultrapassava o ultimo degrau da escada que levava ao andar de cima.

Isso durou até quase meus onze anos quando nos mudamos do prédio.

Naquele tempo não se falava muito em DNA. Nem existiam os computadores que anos mais tarde possibilitaram sequênciá-lo  e descobrir maravilhas.

As teorias quânticas já existiam, mas nenhum físico de respeito se arriscaria a dar alguma importância a elas.

Hoje gente importante fala em universos paralelos, teoria das cordas, universo holográfico e outras teorias que estão longe do entendimento das pessoas comuns sem medo de parecer ridícula.

Anos mais tarde cheguei a pensar que algo no meu DNA fosse a chave para entrar por aquela porta que naquele momento do tempo e espaço se localizava no ultimo degrau da escada que levava  do nono ao décimo andar daquele prédio  na Avenida 9 de julho em São Paulo e somente podia ser aberta por mim.

Ao longo de minha vida posterior tive oportunidade de ler muitas histórias  e ver muitos filmes onde personagens atravessavam portais para universos paralelos, mas eu mesmo, embora tenha voltado anos mais tarde ao prédio e subido ao décimo andar repetindo o que havia feito inúmeras vezes nunca mais visitei um.

Ultimamente andei pensando, que como o DNA não muda, talvez não seja essa a chave para adentra-los e sim a inocência.

Fim





Esse conto é para Marko, Safron, Ceppo, Nikolás, Tony Ballostra a alma sem nome dentro da garrafa (porque almas não precisam disso, somente os seres que elas temporariamente habitam tem esse costume) e  o pônei de pelo branco e sedoso com reflexos cor de rosa que  faltam apenas quatro anos para voltar a ser um Unicórnio onde quer que eles estejam.


16/03 13





de meu livro "Contos da Fronteira da Realidade" .


Um sonho de consumo




Por H. James Kutscka


Porque deixar o seu cérebro decidir ao acaso com o que você vai sonhar. Afinal se ele fosse tão confiável como imagina, o prezado não estaria na situação em que se encontra, não é mesmo?


Assim começava o anuncio que recebi pela internet e atiçou minha curiosidade, o resto foi conseqüência.


- Por favor, eu queria comprar um sonho.


- E de quanto dispõe para gastar nele?


- Realmente não sei. Talvez o senhor pudesse me dar uma idéia uma vez que no e- mail que recebi alertava que o senhor cobra em tempo de seus clientes e não aceita nenhum outro tipo de pagamento.


Bem, isto vai depender exclusivamente do sonho que pretende adquirir senhor ....


-Kurt, como o escritor.


-Sei..., como dizia senhor Kurt, depende muito do tipo de detalhes, um sonho muito vívido leva em consideração não somente o sonhador como também necessita um belo trabalho de direção de arte, figurantes participativos indistinguíveis dos reais, cuidados especiais com figurino de época, linguagem e trilhas sonoras apropriadas ao período.


Se envolver qualquer atividade sexual o preço aumenta consideravelmente, mas existem maneiras de baratear os custos. Se for um sonho meio nebuloso como visto através de uma lente embaçada, onde somente podemos ver as imagens centrais, ainda assim sem muita nitidez, economiza-se uma enormidade em cenários e figurantes podendo manter a parte sonora no seu melhor.


Outra coisa que diminui os custos, mas infelizmente não muito, é o fato de ser a cores ou branco e preto.
Para lhe dar uma idéia um branco e preto com apenas dois personagens pode custar um mês de sua vida, se envolver sexo, dependendo da locação pode chegar a um ano em tempo pago antecipado.


- Desculpe minha curiosidade, mas é a primeira vez que negocio com algo que não seja crédito e não tenho idéia se isto é caro ou barato, por outro lado como vai poder me cobrar em algo como tempo?


- Meu caro senhor..., Kurt, não é mesmo?


- É.


-Não lhe parece óbvio, que alguém que possa oferecer os serviços pelos quais o senhor me procurou saiba como extrair, armazenar e comercializar o tempo pago por seus clientes?


- Visto por este prisma, fica difícil de imaginar alguém que perdesse tempo e os créditos que devem ter sido necessários para montar um projeto de tal magnitude sem saber como iria recuperar seu investimento. Perdoe minha inconveniência, mas antes de decidir-me gostaria de fazer-lhe mais umas poucas perguntas.


- Na verdade não existiu um grande investimento respondeu o homem atrás da mesa, somente um pouco de ciência aplicada, que em alguns caso pode ser confundida com magia por mentes menos privilegiadas, mas fique a vontade senhor Kurt, embora negocie com tempo apreendi que às vezes é preciso desperdiçar um pouco dele para conseguir mais, pode parecer uma contradição, mas é uma verdade que poucos conhecem.


- Obrigado, eu gostaria de saber se muitas pessoas buscam seus serviços dispostas a pagar com essa moeda por seus sonhos?


- O senhor ficaria surpreendido com o número, eu simplesmente não poderia atender a todas, por isso meus anúncios buscam pessoas especiais.


- Quão especial eu sou para ter recebido sua mensagem?


- Não saberia lhe responder neste instante, os contatos são feitos por um programa de computador que leva em consideração uma infinidade de dados sobre cada pessoa escolhida para receber o convite, entre eles o desencanto pela vida.


- Ok!  Se for assim, fico imaginando para quem vende o tempo recebido de seus clientes.


- Também ficaria surpreendido com o número de pessoas que apostam que ainda vão viver algo que valha a pena ser vivido, como meus clientes mais costumeiros.


- Como assim?


- A grande maioria dos compradores de meus serviços quer reviver um momento feliz de suas vidas e está disposto a pagar por isso com o que tem de mais precioso, tempo de vida. Já os que compram o tempo de mim querem a oportunidade de viver o suficiente para um dia poderem ter com que sonhar.


- Ou seja, deveria me sentir feliz por pelo menos ter algo real com o que sonhar.


- Precisamente!


- Por favor, então anote meu pedido:


- Vou querer sonhar com uma noite dos meus dezoito anos, o fundo musical pode ser Mamas and Papas cantando California Dreamim, ponha todos os figurantes necessários para conseguir o resultado mais realista possível, figurino dos anos sessenta, a melhor direção de arte disponível, e o mais importante, todo erotismo e sensualidade possíveis de se extrair de um único beijo com a primeira namorada..., ah!, Em cores é claro.


Foi a primeira vez que outro ser humano ultrapassou a barreira exterior de meu corpo invadindo minha boca com carícias úmidas e insuspeitas executadas por uma língua macia e ágil em movimentos envolventes que resultaram numa explosão de seratonina, que nem mesmo uma caixa do melhor chocolate suíço poderia suplantar  e marcou em fogo no meu cérebro para sempre aquele momento.


Esta analogia (embora estranha) posso lhe assegurar ser absolutamente válida, para quem até aquele momento da vida podia comparar uma mulher a uma caixa de chocolates suíços e se tivesse de escolher  entre uma ou outra, muito provavelmente ficaria com  a segunda .


- Se me permite opinar, fez uma excelente escolha senhor Kurt, e pode contar com nosso profissionalismo, asseguro-lhe que ficara encantado com o resultado, mas receio que um sonho nestes moldes vá lhe custar o tempo que resta de sua vida.


-Seria possível colocar no sonho um perfume suave de jasmim em uma noite de verão?


-Poderíamos providenciar de forma externa. Infelizmente ainda não conseguimos inserir odores dentro do próprio sonho e não teríamos como garantir o resultado. Portanto pela essência não lhe cobraremos nada.


- Mas a terei mesmo assim?


- Com toda certeza.


 - Não temo a morte meu senhor, mas o processo degradante que na maioria das vezes leva a ela, seu preço me parece honesto.


Onde assino? 









Com Eliza Doolittle, Bilac,
Van Gogh e Don Mc Lean 
no Final dos Tempos.

Por : H. James kutcska



Como diria Olavo Bilac em seu soneto:

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

A verdade é que de acordo com a lei das probabilidades, por mais absurdo que seja um fato, o leque infinito de alternativas que o futuro oferece cria a possibilidade real de ele acontecer um dia, não importando o quão insólito e o quão remota seja a chance de vir a suceder.

Pois creio que é exatamente isso que está se passando neste preciso momento.

Uma, das inúmeras profecias do final do mundo, feitas no transcorrer  de toda história da humanidade, finalmente havia coincidido com o verdadeiro acontecimento.

Nem precisei abrir a janela.

O teto do quarto acabara de sumir de sobre minha cabeça sem emitir qualquer som ou aviso prévio e eu me encontrava nu arremessado no ar noturno atrás dele, cama, lençóis travesseiros e um montão de outras coisas vinham atrás de mim.

No céu enormes estrelas giravam como nas pinturas de Vincent Van Gogh e embora eu tentasse, e com certeza amasse, não ouvia nada, muito menos estrelas.

Finalmente acontecera, sem a pompa de haver sido previsto por um calendário Maia de mais de dois mil anos ou o aval de Nostradamus.

Acontecia com a banalidade  de uma chuva de verão ou do nascimento de ervas daninhas no gramado.

Um dia antes, o homem com um copo de bebida na mão que tratava de se manter em pé na calçada próximo dos carros parados no semáforo simplesmente se aproximou da janela aberta de meu carro e com a mão desocupada em concha para tampar o movimento dos lábios como tentando evitar que suas palavras pudessem ser lidas por um expert em leitura labial que o estivesse eventualmente observando com binóculos à distância segredou-me,  enquanto eu aguardava desconfortável o sinal  mudar e me libertar:

- O mundo acaba nesta sexta feira.

Atrás do telhado que se desfazia espalhando telhas e caibros de madeira do que fora o teto de meu quarto no campo pelo ar ao meu redor, a sensação de surpresa teve o tempo e o encorajamento necessários para virar medo.

Era como Judy Garland  no papel de Dorothy Gale no Mágico de Oz indo pelos ares.

Kansas bye, bye!

As estrelas pararam de girar e ficaram imóveis como no quadro Starry Night, estranhamente não foi a música de Don McLean que brotou como uma mansa  nascente de água em meu cérebro enquanto silenciosamente era lançado no espaço junto com o resto das coisas que existiam na superfície do planeta, mas sim um pedaço  de uma  música do musical My Fair Lady que assisti com meus pais na minha infância:

- I could have danced all night, I could have danced all night,

And still have begged for more.  I could spread my wings…

Por um breve segundo me ocorreu que era um belo tema musical para o fim de tudo, e sem saber como, quando ou porque sobreveio a escuridão, o nada.

 A inexistência.

Alguém precisaria enlouquecer novamente e munido de uma paleta com azuis e cinzas únicos pintar outra vez sobre o linho branco  as árvores os campos os trigais, a brisa e principalmente estrelas e ciprestes em enlouquecidos movimentos açoitados pelo vento noturno.

Talvez desta vez o mundo o entendesse e poderíamos então dançar a noite inteira e ainda implorar por mais.




15/12/12




NADA PARA ACRESCENTAR

NO MOMENTO

Por: H. James Kutscka 



Sentado frente à tela iluminada do computador com o olhar perdido na folha branca emoldurada em azul celeste repleta de instruções do Word, apalpava ideias com mãos imateriais como quem escolhe no caixote do supermercado uma fruta no ponto para o consumo imediato.

Passado algum tempo nesse exercício espiritual encontrou uma que parecia apetitosa.

Ironicamente; “o sentido da vida é a morte”.

Tendo colhido essa ideia, divagado algum tempo sobre suas implicações e certo de haver entendido o conceito, se deu conta de que cada minuto de vida contemplando aquela tela vazia era um minuto irremediavelmente perdido. Uma vitória do tempo sobre a perseverança. Da entropia sobre o instinto de preservação.

Sendo assim sem perder tempo suicidou-se mentalmente de inúmeras maneiras.

Primeiro das formas que em teoria seriam indolores, como overdose de calmantes. Entusiasmado com o resultado seguiu em uma escalada para o Gran Guiñol, subitamente percebeu que a espetaculosidade do processo seria elemento importante para a catarse.  Tomou estricnina e morreu se contorcendo e espumando pela boca ( havia visto espiões se suicidando desta forma em filmes para evitar a tortura de um interrogatório) foi um suicídio onde não faltou referências.

Afinal nada mais aborrecido do que um suicídio levado a cabo com o uso de calmantes. Coisa de gay.

Cortou os pulsos em uma banheira de água quente e sangrou até a morte, sufocou-se com um saco plástico na cabeça enquanto praticava o ato solitário, no mais puro estilo inglês.

Saltou de um prédio. A última coisa que passou por sua cabeça foi a visão de uma formiga carregando uma folhinha quando estava a milionésimos de segundos de espatifar sua cabeça na calçada esburacada há mais de 200 quilômetros por hora.

Para o “gran-finale” deixou o Hara Kiri, morreu de joelhos contemplando as próprias tripas emporcalhando o “tatami” à sua frente.

Quando finalmente o coração parou, desabou de cara em suas entranhas em um espetáculo de absoluto mau gosto.

O processo de múltiplos suicídios não durou mais de quarenta minutos.

Fato consumado e com a certeza de ter esgotado o potencial daquela ideia, deu-se uma nova vida

Por trás da tela branca que continuava a dominar seu campo de visão estavam inúmeras histórias esperando para serem escritas.

Agora era só uma questão de escolher as teclas certas e “done”.

Voltou então sem pressa a apalpar ideias como se estivesse escolhendo uma fruta no ponto para ser degustada em um caixote de supermercado.



22/02/13




REFLEXÕES SEM DOR

Por H. James Kutscka.


  Não sei...  acho que o título é do Millôr, não tenho certeza, em todo caso me pareceu bom demais para ser meu, mas vai ficar assim mesmo que não estou a fim de pensar muito.

  O papo é que sempre me achei um pouco preguiçoso, até que um dia me deparei com as palavras de um lama budista chamado Guelek  Rimpoche: "A preguiça é um misto de gracejo com filosofia."

  De acordo com ele, se apresenta em três situações:

  a) Quando a pessoa fica adiando suas tarefas.

  b) Faz milhares de coisas para escapar do que realmente tem de fazer.

  c) Quando justifica o não fazer nada alegando sua própria incapacidade.

  Fiquei realmente espantado com a perspicácia do lama, e mais ainda com o fato de reconhecer em mim mesmo uma vez ou outra, todas as características acima citadas.

  Só me senti melhor quando lembrei que não podia haver preguiçoso maior  do  um que senta embaixo de uma figueira e exclama para os séculos  que virão. "Aqui fico até descobrir a sabedoria"

  O que nosso caboclo sabiamente quando é pilhado no mundo da Lua, traduziu para. "Tô aqui pensando na morte da bezerra sô!

  É budismo mineiro uai!






Crônica parte do livro em andamento
" De Minhas Mulheres Sei Eu "


Retalhos Coloridos do Que um Dia Chamei de: Minha Vida
 Por : H. James Kutscka

De um lugar no passado no início dos anos setenta, quando reinaste absoluta sobre todas as prioridades existentes em meu cérebro chegou de mansinho , sem alarde, através de uma foto (que não te fazia jus) postada em  um site de relacionamento na rede mundial.

Claro que dos anos setenta ate hoje, dois mil e doze, mais de quarenta anos se passaram, mas aparentemente, sentimentos desprezam o desgaste da matéria.

Então sentado aos pés de sua alma me deixei levar pela sua mão etérea por uma Amsterdã onde as estradas à noite eram cor de laranja graças ao tipo de gás incandescente que preenchia o vácuo das enormes lâmpadas fixadas nos esguios postes que ladeavam os free ways  e pareciam todos indicar-me  escandalosamente o caminho  que levava a Schiphol, e a separação previamente combinada sem convicção.

Onde os campos durante o dia se pareciam ao padrão de ajuste de cores dos canais de TV, só que esses criados pela natureza e mãos humanas nas plantações de Tulipas que ladeavam as estradas caminho a Nordwijck.

Levar a um quarto do hotel rescendendo a Gauloises fumados freneticamente na ânsia de encontrar uma solução para um amor datado, numa cidade onde no fundo escuro dos canais,  à noite aqui é ali, se podia perceber luzes  insólitas submersas, e com um pouco de sorte assistir através  de grandes janelas de vidro  maîtres apressados  em uma cozinha sub-aquática de algum restaurante fino a preparar os Scargots que logo iríamos comer  em um jantar que terminaria com Irish Coffee e Barry White em uma Disco perto do distrito da Red Light. Lugar onde noite após noite, são apresentados Real Alive Fuck Fuck Shows conforme anunciado num luminoso vermelho na porta de um pequeno teatro onde um casal faz sexo na comportada posição papai mamãe com direito a movimentos.

Durante o show, onde todas (ou quase todas, dependendo da capacidade de manter a ereção do ator masculino) posições constantes do Kama Sutra eram exploradas ao som de um rock and roll  frenético, que além de servir de fundo musical para o vai e vem peniano, com seu volume altíssimo servia para encobrir qualquer comentário jocoso da plateia, ou risada que pudesse comprometer  a concentração e pusesse  a perder a postura  militar do órgão principal do ator. Eventualmente uma ejaculação mais potente foi acabar no casaco de pele negro que abrigava uma amiga minha da fria noite de Amsterdã que em pé com seu acompanhante na lateral do pequeno auditório lotado de japoneses,  enojada jurava para si mesma  que ao sair dali jogaria o caro abrigo no canal mais próximo,  que na verdade  era bem próximo  mas dava tempo o suficiente para arrepender-se de tal desperdício por tão pouca ofensa a seus delicados costumes britânicos .  Apesar deles ela estava lá não estava? Se não tivesse ido nada disso teria acontecido.

Algo impensável para o Brasil da época.

Contigo aprecio os ricos esboços de Van Gogh em seu museu. Assisto corvos estáticos voarem sobre uma plantação de trigo no sul da França e estrelas girarem no céu entre Ciprestes dançando alucinados no vento da noite.

Em frente ao museu um tabuleiro gigante de xadrez com peças do tamanho de pessoas desafia os mais imprudentes a expor a mediocridade estratégica de seus cérebros aos circunstantes em uma partida exibicionista às avessas.  Convidado por um local  para uma partida agradeço gentilmente para escapar do bem provável vexame.

Amsterdã, um lugar onde o inferno é frio e um anjo despertou e fugiu da cama quente para comprar um par de meias de lã para aquecer meus pés gelados. Onde batatas frias com maionese como cobertura eram vendidas em guichês acondicionadas em improvisados saquinhos de papel e eram a única possibilidade de conseguir colocar algo quente no estômago depois das vinte duas horas no centro da cidade.

Teve também Roma, Londres, Paris. De vez em quando tu voltas para levar minha alma a passear por estes lugares ao som de Alan Stivell e John Lennon cantando Stand By Me no seu disco Rock and Roll.

I won´t cry, I won´t cry...

Talvez um dia vire um livro. Talvez. 

Ela se foi, não era, talvez nunca pudesse ter sido, mas como com tanta propriedade disse Vinícius de Morais  um dia de minha adolescência “ que seja eterno enquanto dure”.

Foi.










Mais uma crônica do livro em andamento
" De Minhas Mulheres Sei Eu"


A mini-luneta amarela

das múltiplas realidades

                                                                                      Por: H. James Kutscka



Estando tudo correto, a luz apagada e apenas uma lâmpada direcional  iluminando o teclado do Lap-top tirou do bolso a mini- luneta  das múltiplas realidades que  havia ganhado dela e trazia escondida.

É bom que se fale aqui que uma luneta das múltiplas realidades não é um item muito fácil de ser encontrado neste vasto planeta de Deus, quanto mais uma mini- luneta das múltiplas realidades  pintada de amarelo.

Amarelo brilhante da cor do sol refletido debaixo para cima nas folhas irrequietas das copas dos altos Eucaliptos em um entardecer de inverno

Elas não podem ser compradas, devem ser ganhas e somente devem ser utilizadas longe de quaisquer testemunhas.

Como ele a conseguiu não devo contar aqui.

Seu custo? Talvez um amor perdido, um sussurro no escuro para ninguém,  uma música, uma coleção delas, uma lembrança que não se foi com as outras, quem poderia dizer ou por um preço em tal objeto?

São extremamente raras, na sua confecção misturados com a argila, tinta e os cristais entram elementos tão insólitos como a ausência, angustia, recordações , ( boas e más), amor, desespero e um pouco de lágrimas não vertidas (como utilizam esses sentimentos e uma inexistência –o caso das lágrima não vertidas-  na composição de um objeto sólido, não me perguntem, mas dizem os estudiosos da Cabala que em certas circunstâncias e obedecendo a certas regras tal feito seria exequível em determinadas longitudes e latitudes sob também pré-determinadas fases da lua, ou simplesmente a aceite como um dos mistérios da fé.Para que seu funcionamento seja o esperado pelo fabricante, estes mesmos elementos devem ser encontrados  na pessoa que a manuseia.

Outra regra que deve ser respeitada por quem por sorte for presenteado com uma é a de entender que nem tudo que ela mostra é necessariamente verdade em alguma realidade alternativa, mas pode ser.

Escrever sobre acontecimentos vistos através da luneta não é aconselhado, mas se alguém resolver fazê-lo o fará ciente de que pode estar escrevendo pura bobagem.

Sabedor de tudo isso colocou a mini-luneta no seu olho direito, fechou o esquerdo e olhou para o azul da tela do computador.

Imediatamente uma miríade de imagens se formou em sua frente, cada uma com vida própria, era como se houvesse entrado em uma sala cujas paredes estivessem cobertas com inúmeros monitores que pareciam existir até o infinito o interessante é que em todos eles era ele o ator principal.

Uma imagem específica lhe chamou a atenção, ele então se dedicou a observá-la, esquecendo as outras.

Páginas escritas com poesias estavam espalhadas pelo asfalto úmido ainda do chuvisco de inverno que havia caído no final da tarde, para piorar ainda mais as coisas. Ele curvado as juntava do chão e tentava organizá-las, limpando as folhas  o melhor possível e  as secando quando o papel por acaso não estava encharcado nas pernas da calça  de jeans no frio da rua deserta  de madrugada. Tratava de alguma forma salvar o que ainda fosse possível de um sentimento que a poucas horas devia ter morrido , mas contrariando todas alternativas lógicas continuava vivo.

As folhas ele sabia seriam posteriormente guardadas dentro de uma caixa de sapatos que trazia estampada em sua tampa a marca Clark*.

Marca famosa de calçados para homens que conheceu o seu apogeu em meados dos anos 50 no Brasil  N.A.

Talvez uma caixa de papelão não fosse o lugar mais apropriado para se guardar assim escondido dos possíveis olhares curiosos um pedaço particular do tempo, mas na verdade ela resistiu muitas mudanças e sobreviveu galhardamente, guardando aquelas lembranças e a marca que trazia estampada na tampa, da qual poucas pessoas ainda se recordam. 

Na fúria daquela tarde ao se dar conta de que o que com tanto sofrimento deixará de tomar para si que acabara sendo tomado por outro sem escrúpulos, mas com um puta tesão, em uma excursão de férias promovida pelos alunos de medicina da USP à Bariloche  na qual sua namorada fora sozinha.

Desde então ele passou a antipatizar com médicos em geral.

Nada justificava o comportamento dela, a não se, talvez, os hormônios dos dezoito anos, mas ele soubera controlar os dele, ela não.

Na tela que ele via através da luneta uma frase apareceu rápida como uma mensagem subliminar “A ocasião faz o ladrão” como o letreiro de um filme anunciando o próximo capítulo.

Ele nunca quis roubar nada, ela até se ofereceu para que ele lhe tirasse a virgindade, o que recusou por covardia ou cavalheirismo ( isso existia na época). Agora se sentia um idiota.

E mais que um idiota, todas as poesias que atirara pela janela num acesso de fúria intelectual lhe fizeram tanta falta poucas horas depois que ali estava,  catando o que o vento deixara e chorando pelas que se haviam perdido.

Foi um momento importante de crescimento de menino pra homem,  se existe alguma  lição a aprender  com esse fato é vaga.

Talvez os sentimentos superem a possessão da carne? 

Ser corno pode ser triste, mas sempre, de alguma forma se você analisar bem vai perceber que colaborou de maneira vital para receber a honraria.

Em alguma outra realidade eventualmente nada daquilo havia acontecido, mas ele preferia aquela.

De qualquer forma salvou-se a poesia ( que foi possível recuperar) salvaram-se as músicas e por certo as boas lembranças. Ele podia dizer com toda veracidade na voz que somente se arrependia na vida daquilo que não havia feito. Com o passar do tempo salvou-se todo o demais.

Hoje ele tem uma mini-luneta amarela que possibilita ver múltiplas realidades e tudo que vê quase sempre tem um final feliz.


Um comentário:

  1. Hilton. Estou surpreso com a sua diversidade artística, quadros, vídeos, publicidade, contos e poesias. Conheci uma pequena parte de sua obra e gostei muito. Cumprimento-o pelo seu curriculum. Abraços.
    Luiz Eduardo

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