sábado, 26 de março de 2022

 


A abelha e a mosca.

(uma fábula brasileira de corar a face de Esopo)

 

Por: H. James Kutscka

 

Uma ou duas semanas atrás, um amigo psiquiatra me enviou por whats app o trecho de uma “live” com a participação de Alfredo Bessow (jornalista e fotógrafo profissional gaúcho), Paulo Schultz (não consegui identificar se era o cineasta ou um professor de Santa Rosa no RS) e o Dr. Alessandro Loiola.

No pedaço de vídeo que assisti, o polêmico doutor (alvo preferencial dos checadores de fatos), que já se expressou anteriormente com ênfase sobre a inutilidade das máscaras  durante a “fraudemia”,  declara que no último levantamento do QI médio do brasileiro os pesquisadores concluíram ser esse de 87, número que dentro da psiquiatria é para todos os efeitos considerado “estado de embotamento cognitivo”, uma vez que a média da espécie “ homo sapiens”  oscila entre 90 e 110 , sendo que acima desse número já estaríamos falando de gênios.

Trocado em miúdos, a maioria da nação brasileira tem dificuldade de compreender os fatos e ocorrências ao seu redor e passa a dar por suas, opiniões alheias.

Normalmente repetindo o consenso comum gerado por veículo de comunicação com suficiente presença midiática para impor uma narrativa ou discurso.

Aqui convém fazer um parêntesis para explicar a diferença entre diálogo e discurso.

Para que haja o diálogo é necessário que os grupos envolvidos nele não sejam idênticos ou muito semelhantes, também não podem ser completamente diferentes ou preponderantemente diferentes, um dos participantes não pode “englobar” o outro (o negrito é meu), os dialogantes devem estar abertos às ideias mutuas.

Já no discurso, o interlocutor é de maneira repetitiva e obstinada instado a assumir a ideia de quem profere o discurso.

Se você querido leitor vê qualquer semelhança com o que nossa imprensa consorciada vem fazendo desde o início da “fraudemia”, acredite não é mera coincidência.  

As facilidades de dialogo surgidas com a Internet que deveriam derrubar as paredes do isolamento, ameaçam o discurso dos poderosos e em uma nação onde a maioria do povo tem dificuldade para discernir a realidade, os que dominam o discurso nadam de braçada.

Esse é um terreno fértil para a criação de menininhas de cabelos verdes e sovacos peludos e de meninos de poncho com pés sujos em sandálias de couro, matéria prima para a nova carreira de “checadores de fatos” a serviço do palestrante oficial.

Eles aram a terra arrasada e transformam em terreno fértil para a força de frente dos globalistas: políticos progressistas, ministros, juízes, jornalistas, big pharmas, big techs e sistema bancário.

Como em tempos de “mimimi” qualquer conceito sobre um grupo inteiro pode ser entendido como preconceito, nos chega a parecer por um momento, estar tudo perdido.

Mas boas surpresas existem onde menos se espera, na última semana quando fui colocar gasolina em meu carro, um frentista que assiste a meu programa (Dois Neurônios Incomodam) na rede, e que ao longo do tempo se tornou meu amigo, com quem sempre troco algumas ideias enquanto ele abastece, fez a seguinte consideração:

- “É seu James está difícil! imagine o senhor um diálogo entre a abelha e a mosca, por mais que a abelha tente convencer a mosca que mel é melhor que merda, esta nunca vai se convencer”.

Sábias palavras, ditas por um brasileiro que certamente está acima da média de QI mencionada anteriormente.

Infelizmente estamos no país das moscas, mas aparentemente nos últimos tempos apesar das limitações, muitas delas estão mudando de dieta.

Enquanto mesmo com as restrições impostas pelos tiranos houver pessoas como meu amigo frentista, e formos capazes de encontrar um canal para o diálogo, poderemos vencer o enxame e com o tempo mudar o cardápio dos brasileiros.

Com o perdão da ironia, que nada mais é que consequência da revolta, até outubro podemos ensinar as moscas a comer lula. Afinal o molusco não difere muito de seu prato habitual.   

sábado, 19 de março de 2022

 





O deus ex machina

Por H. james Kutscka

 

Antes de entrar no tema principal desse artigo, permitam-me queridos leitores, que faça uma pequena digressão para que possamos entender a realidade que nos cerca hoje.

Nossa história começa em 1938 quando um jovem radialista de 23 anos que tinha um programa na CBS (Columbia Broadcasting System) e já previa uma guerra na Europa, na qual se os Estados Unidos fossem envolvidos, não estaria preparado. Ele vinha alertando já há algum tempo através de seu programa sobre o fato, e era constantemente ridicularizado pelo magnata da imprensa William Randolph Hearst, dono do maior conglomerado de comunicação da época. Dele faziam parte dois dos periódicos mais importantes tanto da costa oeste como da costa leste, respectivamente o San Francisco Examiner e o New York Journal.

Para provar seu ponto de vista, no domingo 30 de outubro de 1938 véspera de Halloween, apenas onze meses antes de Hitler invadir a Polônia, no que viria a se transformar na segunda Guerra Mundial, em seu programa de número 17 da série: “The Mercury Theatre on The Air”, apresentou uma adaptação radiofônica do livro de 1898 de Herbert George Wells “A Guerra dos Mundos”. O fez em forma de noticiário como se estivesse interrompendo a programação normal do domingo para citar os acontecimentos.

Calcula-se que na época, aproximadamente seis milhões de pessoas acompanhavam o programa.

Desses seis milhões, imagina-se que pelo menos metade sintonizou o programa depois do início do mesmo, onde um locutor avisava que o que viria a seguir era uma adaptação para o rádio do famoso livro britânico de ficção. No programa a invasão marciana acontecia em Grover Mill (cidade pertencente ao condado de Mercer em New Jersey).

Cálculos posteriores mostraram que pelo menos um milhão e duzentas mil pessoas acreditaram que o país estava sendo invadido por alienígenas e sobrecarregaram as linhas telefônicas, derrubando as comunicações em uma enorme área. Em sua fuga congestionaram estradas em New Jersey, Newark e New York.

Com um programa de rádio, “fortuitamente” Orson Wellles” provara às autoridades que os Estados Unidos não estavam preparados para uma guerra e que o medo era uma arma de dominação ao alcance da mídia a ser levada em conta. Mais tarde dirigiu “Cidadão Kane” a cereja do bolo, celebrando sua vitória sobre Hearst. Podíamos seguir com outros exemplos de massas descerebradas sendo manobradas pela mídia, mas para o momento provo minha teoria. Cqd (como queríamos demonstrar), essa é a prova de que não é necessário muito para motivar pessoas  a fazer estultices.

O povo, desde sempre, tanto para o bem como para o mal, foi “emprenhado” pelas orelhas.

Atualmente os controladores além da voz contam com a imagem.

O deus ex machina que chegou para resolver tudo está em todo lugar, no quarto, na sala em enormes tevês de plasma com tela plana para não ocupar espaço e imagem 4k ou 8 k ou na telinha do celular como um moderno escapulário.

Através delas (das telas), o “grande irmão” com milhares de faces apascenta seu rebanho mesmerizado.

É o bezerro de ouro contemporâneo.

As pessoas já não apreciam a realidade, fotografam ou filmam com seus celulares para ver mais tarde depois de editar e melhorar a luz e as cores, não vivem mais o momento, mas um devir corrigido, confortável, inodoro e com música de fundo ao gosto do freguês.

Estamos vivendo constantemente em um futuro nebuloso, a realidade depende do ponto de vista do grande emissor e a discordância está sendo censurada. Nessa última sexta feira, um iluminado advogado do PCC que foi colocado na mais alta corte do país por um ex-presidente e ex-preso preventivo em investigação da Lava Jato, que nem mesmo foi eleito para o cargo, decide que o “Telegram” é uma ameaça à democracia e com um “canetaço” põe milhões de opiniões divergentes da sua no ostracismo, atapetando assim o caminho para unanimidade burra, fruto esperado da tirania e do medo.

O Brasil agora passa a fazer parte do seleto grupo que no planeta mais preza pelas liberdades individuais, a saber (em ordem alfabética para não ofender nenhum FDP): Azerbaijão, Belarus, Bahrein, China, Coréia do Norte, Cuba, Irã, Paquistão, Rússia e Tailândia. 

Outro ministro, esse onipresente pois está no STF e TSE ao mesmo tempo, curte nas redes sociais um post com acusações à Bolsonaro jamais provadas. Quando os que ainda podem falar, criticam sua postura inapropriada para alguém com tal cargo se justifica dizendo que foi sem querer, inaugurando assim o “lapsus digitus” ou como melhor se expressaria o ‘Chapolin Colorado’: “Foi sem querer querendo”. Essa figura patética é o responsável atual pela manutenção das urnas eletrônicas ditas invioláveis, que prometem eleições limpas em outubro próximo.

No deus ex machina, comerciais pagos com nosso dinheiro, mentem a diário sem nenhum pudor ou consequência sobre a lisura das tais urnas.

Nos telejornais, a verdade conveniente nos é imposta à diário sobre uma guerra na qual em determinado dia da semana passada morreram duas pessoas. Só para constar, no Brasil morrem mais de setenta mil por ano, vítimas de violência e isso é olimpicamente ignorado pelo consórcio midiático.

Urge buscar a verdade e ela não será encontrada nos jornais, na televisão, no cinema nem nas rádios, cabe a cada um de nós garimpá-la, a internet nos deu a batéia e a corrente de água que estão tentando represar com um espúrio marco regulatório.

Não compre jornais, não compre revistas e não assista televisão, você já é bem grandinho e capaz de informar-se sozinho.

Como diria o agente Moulder da série Arquivo X “A verdade está lá fora”, estamos por conta própria e não virá nenhum extra terrestre para invadir nosso planeta ou nos salvar dos tiranos, e se de mentir se trata, não precisamos de ajuda, podemos fazê-lo nós mesmos.

sábado, 12 de março de 2022

 








“Dubito ergo sum”(Duvido logo existo)

Por H. james Kutscka

 

Era final dos anos sessenta quando nos encontramos.

Embora tivesse tirado dez nas dez provas de “linguagem da arquitetura” na FAU (acho que era esse o nome dado na época a uma maratona de provas que incluíam desenho a mão livre, colagem, escultura e mais sete outras modalidades das quais já nem mesmo recordo), com direito a reportagem de página no então prestigiado Jornal da Tarde. Meu sonho em ser arquiteto no entanto, foi frustrado pelas notas baixas em matemática e física.

Diz o ditado que tem males que vem para bem. Prestei vestibular para Artes Plásticas na FAAP e por um desses acasos furtuitos com o qual nos brinda o Universo, em uma noite qualquer (já trabalhava em publicidade na época e cursava a faculdade à noite), o conheci.

Tcheco de nascimento, apresentou-se como primo irmão de Franz Kafka (até hoje não sei se isso era força de expressão por serem ambos da mesma nacionalidade e cidade ou terem realmente laços consanguíneos). Lecionava teoria da comunicação e humanidades e tive certeza desde sua primeira aula que ele estava fora de lugar naquela faculdade. Era como se eu errando, acertara. Era esmola demais para pouco santo, assim que finda a aula lhe perguntei o que o levara a vir lecionar naquele lugar e descobri que ele estava fazendo um estudo sobre o que chamou de “situação intelectual brasileira isolada e estéril no que a fatos culturais se referia”. Dar aquelas aulas servia-lhe de laboratório prático.  Estava explicado, e não vou perder tempo explicando o porquê.

Perguntei onde morava e embora fosse fora de meu caminho, me ofereci para leva-lo para casa no que foi a primeira de várias caronas. Logo passei a frequentar somente suas classes e um dia durante o trajeto, lhe confidenciei que sem demérito algum aos outros professores, somente ia à faculdade para ouvi-lo. Do banco do carona de meu Karman Ghia, o homem que se referia brilhantemente às vacas como máquinas eficientes de transformar capim em leite, perguntou-me:- Senhor Hilton, por que o senhor cursa essa faculdade?

- Porque para meus pais é importante que eu possua um diploma respondi.

Depois de algumas perguntas sobre meus pais e meu trabalho na publicidade, estávamos já descendo a Av. Rebouças em direção aos Jardins quando ele me disse (com seu sotaque alemão arrastado que deixava todas as palavras mais incisivas):- Senhor Hilton, na vida existem pessoas que nasceram para seguir regras outras para fazê-las, não perca tempo, largue a faculdade.

Para mim um “epoché”, uma suspensão do tempo, onde é impossível aceitar ou negar a proposição.  Desculpem minha falta de modéstia, mas afinal quem havia dito aquilo era nada mais nada menos que Vilém Flusser.      

Quando acabou seu curso na FAAP. segui seu conselho e confesso que nunca senti falta do “canudo” para ser bem sucedido, tanto na publicidade quanto na literatura.

Baseado então em suas brilhantes classes sobre a transformação da cultura escrita para a cultura imagética, ouso comparar o verdadeiro consórcio de imprensa mundial às vacas de Flusser, não passam de uma máquina eficiente de transformar através de imagens, mentiras em verdades através de uma colagem conveniente a seus fins.  

Transformaram a mentira em arte, e como dizia Nietzsche: “a arte supera a realidade”.

Já não importa a verdade da notícia, mas sim a notícia e seu objetivo oculto.

No início da “fraudemia,” vimos filmes da China veiculados no mundo inteiro com pessoas caindo mortas como moscas nas ruas e metrôs. Pergunto aos queridos leitores, quantas pessoas depois de estabelecido o terror viram caindo mortas nas ruas e metrôs reais?

Enquanto Luc de Montagnier era um pregador no deserto, as imagens dramáticas transmitidas à diário faziam sua parte.   

O receptor das informações é informado do que interessa aos detentores do poder e Descartes é enterrado pela censura com seu “dubito ergo sum”.  A dúvida é banida, somente existe a verdade oficial, e quem se levantar contra ela será cancelado em todos os meios de comunicação.

Nestes tempos de catequização do livre pensar, torna-se difícil fazer com que a enorme maioria apedeuta, emprenhada por imagens da rede Globo, CNN e outros grandes conglomerados, entenda que os sinais de esquerda e direita  que antes existiam, hoje estão em lados contrários.  

O verdadeiro ideal comunista hoje se instalou na União Europeia e USA com o nome mais palatável de NOM.

Essa mudança inclui como seu mais fervoroso porta voz, Bergoglio, ele mesmo, o Papa, que saiu do armário brandindo a foice e o martelo em nome da NOM. Qualquer dúvida, leiam sua encíclica “Fratelli Tutti”. 

A grande imprensa ignora  que o único governante a defender que a Amazônia é brasileira, foi o atual invasor da Ucrânia, onde a mesma imprensa ignora os laboratórios de nível de segurança 3, onde os USA financiavam o desenvolvimento de  armas químicas, os investimentos de Hunter Biden no país e outras maracutaias, como a sua contratação pela Burisma Holding (empresa de gás natural), para seu conselho diretor, além de uma lista enorme de libertinagens com adolescentes ucranianas de fazer inveja a Arthur do Val encontradas em um lap top de sua propriedade, esquecido displicentemente em um loja de consertos.

Preocupar-se por que?  Papai era o vice de Obama e a imprensa não se atreveria, mesmo no governo Trump, a escancarar a verdade.

Gigantescas caravanas de caminhões pela liberdade transitam pelo Canadá, USA, Austrália, Nova Zelândia  e até mesmo na Suíça  contra o ignóbil passaporte sanitário, totalmente ignoradas pelos meios.

Zelensky é endeusado pela mídia como herói nessa guerra, nenhum repórter da grande mídia se atreve a fazer um paralelo com Castro no caso dos mísseis de Cuba.   

Não permita que lhe suprimam o direito de duvidar.

Talvez leve tempo, mas a verdade em algum momento virá à tona como no caso da “fraudemia”, no momento é prudente não tomar partido.

Como frequentemente, com doçura, se expressava Flusser com seu sotaque quando inquerido por um aluno sobre algo que dissera em classe:- “Querrido, você não entendeu nada”!

Duvidar é preciso, viver não é preciso.

Saudades!


domingo, 6 de março de 2022



 

A coisa branca no cocô do passarinho.

Por: H. James Kutscka

 

Com este artigo, tenho a esperança de incentivar pelo menos alguns de meus queridos leitores, a reconsiderar   algumas certezas que a atual guerra (que diga-se de passagem, se alguém com o dedo nervoso apertar o botão terá sido a última que veremos), escancarou ou ainda irá escancarar se der tempo, e ainda de quebra. talvez perder alguns amigos mais radicais em suas crenças.  

Houve jamais um Deus? Ou tudo é resultado furtuito do acaso, da natureza exercendo dentro de seu direito à quase eternidade, praticar impunemente seu jogo de tentativas e erros.

Elohim, Shiva, Yhavé, Baal, Odin, Oxalá e tantos outros nomes não seriam apenas denominações dadas a uma cruel aspiração humana de servir a um patrão para o qual quanto mais se humilhasse e mostrasse admiração, maior seria a recompensa?

Talvez rumores de um passado distante, quando sair da relativa segurança da caverna à noite quase sempre representava a morte, o fim, o nada.

Ficar dentro dela também não garantia coisa alguma. 

E não havia nada a fazer.

Até que numa quarta-feira qualquer da pré-história, um protótipo de ser humano se transformou no objetivo principal da fome de um tigre de dentes de sabre. O fato somente não se consumou porque um outro tigre ainda maior que o primeiro, resolveu disputar com ele o petisco que corria inutilmente por uma savana. Em lugar de facilmente adiantar-se e dar cabo de nosso ancestral (comida que corria desesperadamente em busca de um abrigo inexistente), resolveu antes se engalfinhar com seu igual.

Sendo assim, enquanto os dois predadores tratavam de resolver suas diferenças, nosso primata conseguiu alcançar por milagre um abrigo (embora nem a palavra nem o conceito ainda existissem), jamais devemos subestimar a sagacidade do ser humano.

Embora com seu cérebro de primeira geração, com capacidade de armazenamento e troca de informações ínfimas, esse indivíduo, que de uma maneira improvável acabara de escapar da morte, pensou que tivera uma sorte muito especial.

Devia existir, mesmo que invisível a seus olhos, algo maior que ele, maior mesmo que os monstros que dominavam com sua ferocidade o mundo em que vivia. Algo ou alguém que apagava a luz todo dia envolvendo seu mundo em assustadora escuridão, e que depois de um tempo que parecia interminável, voltava a acendê-la. Já pensara algumas vezes sobre o assunto, embora não profundamente, seu cérebro ainda era muito dispersivo.

A novidade foi que nesse momento parece ter acontecido uma sinapse elétrica (é claro que ele não tinha ideia do que era que estava acontecendo), mas foi como um clarão no seu cérebro. Não só devia haver alguém no comando, como esse alguém aparentemente gostava dele, já que o havia salvado de ser o prato do dia de um felino gigantesco.  A alguém com tal poder seria prudente prestar homenagem, também lhe pareceu certo que deveria  compartir sua descoberta com os de sua tribo, dessa forma esse ser também os protegeria, pois mais e maiores seriam as homenagens, e porque não oferendas? Era justo pagar de alguma forma por proteção a algo tão poderoso.

Talvez então pudessem até pedir alguns favores.

Assim surgiu o primeiro pregador junto com o primeiro deus, se não foi assim me perdoem, (afinal, que me conste ninguém estava lá para conferir) mas esta é uma explicação tão boa como qualquer outra.

Com o tempo (sempre ele), rumores sobre uma tribo que adorava um deus que lhes protegia espalhou-se.

Se eles têm o deles, nós também podemos ter o nosso pensaram todos, então profetas e deuses proliferaram.

Cada deus sendo melhor que o anterior mais poderoso, mais pródigo e também mais rígido e intolerante com quem não o adorasse.

É claro que uma ideia tão boa como essa não demoraria muito tempo para virar um bom negócio para os que acreditavam em que a vida não passava de uma fatalidade do destino, devendo consequentemente, ser aproveitada da melhor maneira possível. Até aí, alguns milênios se passaram (como já sabemos a natureza não tem pressa).

Nessa época o cérebro humano já possuía a capacidade de somar dois mais dois, mesmo que as vezes o resultado não fosse 4 mas 22, e por isso mesmo, por ser dotado dessa habilidade de abstração, há muito tempo vinha tentando organizar o negócio com os deuses.  Todos intuíam o potencial da transação, mas faltavam os meios, faltava a logística, faltava a marca, o logotipo.

Então, não desprezando outros profetas anteriores e ou posteriores, nasceu Jesus, que claramente para quem lê as palavras que lhe foram atribuídas, foi o laranja do talvez maior conglomerado financeiro do mundo: A Igreja Católica.

Ela é só a maior e talvez mais bem organizada financeiramente de todas, outros profetas foram “laranjas” de outros conglomerados talvez menos bem-sucedidos financeiramente, mais nem por isso menos importantes.  

O estado Islâmico em pleno século XXI, degola “infiéis” em frente as câmaras para mostrar ao mundo o que acontece para quem não segue as palavras de Alá.

Seria Alá diferente de Jesus, Buda, Bhrama ou Odin?  Ou esses são apenas nomes para validar o que na verdade é a busca do poder econômico que financia o poder real? 

A utilização do medo para justificar guerras e toda espécie de atrocidades.

O “meu Deus é melhor que o seu” ainda vive na caverna que existe até hoje na mente do homem para justificar a execução dos que não pensam igual ele.

Vendo por esse ângulo não evoluímos muito, não é mesmo? Em termos de logística e lucros no entanto, fomos muito além de quem pela primeira vez imaginou ser um bom negócio vender para gente viva, benefícios que somente iriam receber depois de mortas. Na verdade, fomos além dos mais loucos sonhos.  Deus é enfim uma “commoditie”. 

Existem pregadores vendendo a incautos cadeiras no céu para quem não tem fundos para comprar uma casa no local, vendendo vassouras bentas para varrer o mal de sua casa, sabonetes para lavar seus pecados, balões inflados com ar dos bentos pulmões do pastor para você respirar na comodidade de seu lar.

Fico pensando na desilusão do pobre Jesus (que segundo a Bíblia, expulsou os vendilhões do templo), vendo um pouco da programação dos canais de TV que transmitem programação religiosa, hoje em dia interrompida momentaneamente, primeiro, pela “fraudemia”, e agora para delírio da plateia extasiada, pela possibilidade ainda que remota de um “Ragnarok” que eliminaria toda humanidade levando com ela os seus deuses.

Nossa vida atual se resume a uma receita de: necessidade, fé e pesadelo, misturados com um certo exagero do último ingrediente. Inútil buscar solução para o imponderável.

Como muito bem se expressou Kurt Vonnegut em um de seus livros a respeito de uma dúvida infantil sobre o que seria aquela coisa branca no cocô do passarinho: “Aquela coisa branca no cocô de passarinho é cocô de passarinho também”.

Simples assim.

“C’est tout la même merde” (creio não precisar traduzir).

Em todo caso como diria Freud: “De erro em erro vai se descobrindo a verdade”. Essa guerra nos está mostrando uma, se tudo der certo graças a um personagem inesperado saído de um país improvável, tradicional inimigo do ocidente, ainda não será desta vez que seremos dominados pelos agentes do mal     

Mas pelas dúvidas quem quiser rezar que o faça, esta é uma boa hora.