Sobrevivendo ao
Maelströn
Por: H. James Kutscka
Tratando há pouco tempo atrás de
fugir das constantes notícias sobre vítimas da “fraudemia”, “zapeando” em busca
de algo para assistir nos canais a cabo, me deparei com o documentário de 2018
do cineasta norueguês Jan Vandoer ( o “o”
do sobrenome é cortado por um
traço vertical inclinado e peço que me perdoem, pois tal opção
não existe no teclado em que escrevo este artigo), 87 minutos de imagens
espetaculares sem nenhum diálogo sobre a vida
em Lofoten, nome do arquipélago norueguês
situado ao sul do mar de Barents e do distrito do condado de Nordland, sublinhadas (as
imagens) pelo som da Orquestra Filarmônica do Ártico e seu coro, executando um arranjo da composição de 1980
de Phillip Glass inspirada no conto de Edgar Alan Poe “Descent into the
Maelstrom”.
Maelströn ou Moskoe- Ström é
um fenômeno que ocorre no arquipélago devido à grande amplitude das marés, das
correntes marítimas que se formam entre as ilhas e da maior barreira de coral
conhecida do mundo, resultando em um redemoinho mortal que traga barcos
desavisados e seus tripulantes em seu turbilhão, para triturá-los nos corais do
fundo de seu vórtice como em um liquidificador infernal.
O conto de Poe relata a
aterrorizante aventura de um pescador e seus dois irmãos apanhados pelo
fenômeno em meio a uma súbita e inesperada mudança de tempo que gerou um
furacão, entre as ilhas de Lofoten e Moskoe onde a profundidade do mar varia
ente 67 e 83 metros.
Logo nas primeiras voltas do
redemoinho, um deles foi atirado para fora da embarcação junto com o mastro
principal onde se havia amarrado, desaparecendo no turbilhão. Dos dois
restantes um se agarrou a um anel de ferro preso a uma a cavilha e o outro a um
barril de água preso por um cabo à quilha do barco.
Depois de várias voltas
delirantes na lateral quase vertical do abismo liquido, o irmão mais velho daquele
que se agarrara ao anel da cavilha, resolveu ele também agarrar-se a ele e como
não havia espaço para quatro mãos o mais novo foi prender-se ao barril e tomado
de uma calma que parece surgir nos momentos em que o desastre se torna
inevitável, percebeu como em câmera lenta, que troncos e outros objetos que
rodavam junto a eles, se moviam em velocidades diferentes, lembrou-se então de Arquimedes
(pescadores noruegueses conhecem Arquimedes) e da sua mecânica dos
fluidos. Formas diferentes se movem em
diferentes velocidades no liquido.
Deu-se conta de que objetos
mais arredondados demoravam mais a serem sugados para a destruição.
Cortou então o cabo que
prendia o barril ao casco do barco e atirou-se com ele no turbilhão.
Enquanto o barco descia cada
vez mais celeremente para o fundo, ele permanecia girando aparentemente sem ser
sugado. Assim foi por quase uma hora, até o fenômeno cessar e o sobrevivente
ser resgatado por pescadores.
O documentário me recordou do
conto e embora eu estivesse tentando escapar das notícias pré-fabricadas da
mídia militante, foi inevitável não fazer uma analogia com os problemas enfrentados
pelo nosso atual presidente.
Ventos de tempestade sopram de
todos os lados, reais ou imaginários, tentando arrastá-lo para as profundezas.
Revistas semanais (que eu sigo comprando porque devo sofrer de uma espécie de “masoquismo
desinformativo compulsório”) trazem artigos que causam repugnância a qualquer
cidadão que possua pelo menos dois neurônios funcionais no cérebro.
Junto com os canais de
televisão bancados pela esquerda, são os que provocam o redemoinho tentando
arrastar o executivo para os afiados corais do fundo.
Sei que é conveniente pensar
na oposição como uma turba homogênea ignorante, mas na verdade estão longe
disso, tiveram décadas para plantar seus conceitos entre as mentes menos
privilegiadas da maioria ignorante imediatista que se contenta com um sanduiche
de mortadela por um lado e nas mentes ambiciosas de uma minoria elitista
inescrupulosa, colocada em postos chaves a qual sabem pode ser comprada com
cargos, soldos polpudos, lagostas e vinhos finos por outro.
No fundo desse turbilhão
fabricado, existe um vácuo de poder que certamente será preenchido quando
ventos e maré cessarem.
Para quem quiser salvar-se,
meu conselho é de que se atire na água agarrado a algo roliço (Nhônho não
serve) como o pescador de Poe e aguarde até os canalhas serem sugados pelo
redemoinho que eles mesmo provocaram.
Que colham as “vinhas da ira”
diria com mais propriedade John Steinbeck.
Como em francês tudo soa
melhor, diante do panorama que se nos apresenta e das últimas medidas tirânicas
tomadas por alguns prefeitos e governadores iluminados, vamos
de Jean Jacques Rosseau: “ La force a fait les premiers esclaves, leur lâchate
les a perpetués” ( A força fez os primeiros escravos, sua covardia os perpetuou),
ou como diria outro pensador francês, Eyquem Michel De
Montaigne: “Plus ça change, plus cést la même chose” (em tradução livre :quanto
mais se muda mais é a lesma lerda).
Mas que sei eu?
Mudar por mudar não leva a
nada, é hora de uma mudança radical. Todos ao mar!