sábado, 19 de setembro de 2020

 

Nossa despótica Liga da Injustiça

Por: H. james kutscka

 

Aqueles de meus leitores que  como eu são aficionados da nona arte (para os neófitos HQ´s) saberão perfeitamente a que eu me refiro nesse artigo, aqueles que não o são, se me derem o prazer de seguir lendo, aumentarão sensivelmente o nível pessoal de cultura inútil e talvez passem a apreciar a arte sequencial.

Não vou gastar meu latim para falar do óbvio: heróis como Superman , Batman, Mulher Maravilha  e outros bons moços e moças,  integrantes  da Liga da Justiça de um mundo de fantasia, mas para falar de um mundo quase real abordado por Garth Ennis, roteirista de quadrinhos nascido em 1970 em Belfast, na Irlanda do Norte ( no caso da Irlanda isso faz grande diferença, a do sul tem sua maioria católica e é uma república independente, já na do norte que segue pertencendo ao Reino Unido, as desavenças entre protestantes e católicos  seguem fazendo vítimas até hoje). 

Ter nascido nessa região de conflitos, talvez tenha sido o principal motivo desencadeador de seu genial texto repleto de humor negro, violência e sarcasmo.

Seus personagens quase sempre envolvidos com religião e problemas de violência, são uma mostra cruel do que a humanidade tem de pior e paradoxalmente de melhor.

Suas criações para os quadrinhos como: Preacher , HellBlazer (John Constantine), The Punisher ( Well Comeback Frank e Born) devido a qualidade  e ineditismo foram promovidas, e para alegria dos fãs, ganharam vida no cinema e televisão.

 

No meu entender sua única pisada na bola foi com “Crossed”, onde “exagerou no exagero”, mas essa e apenas a humilde opinião de um admirador.

Mas nesse artigo o que nos interessa é sua genial criação “The Boys”, série extraída dos quadrinhos espetaculares do mesmo nome lançada o ano passado pela Amazon Prime, (onde já está em sua segunda temporada) e hoje é exibida no SBT aos sábados às 00:30 h.

A série, recheada de super heróis com suas roupas e capas espalhafatosas, traz uma novidade brutal ao mundo da fantasia, novidade que aproxima muito os personagens ao mundo real: nela os bandidos são os verdadeiros heróis, e os heróis, cheios de super poderes os reais bandidos.  

“Poderes absolutos corrompem absolutamente”,  assim teria se expressado Lord Acton.

A série que desnuda heróis sem caráter abusando de seus poderes em benefício próprio e de uma corporação, é extremamente bem produzida e mostra como seria na realidade uma sociedade onde existissem pessoas com poderes especiais que as diferenciasse dos reles mortais circunstantes.

Recomendo a todos meus leitores que assistam e me digam se  a Vought Internacional, corporação  à qual pertencem os  “heróis”  da série com nomes  como:  “Homelander” chefe dos “SETE” (uma Liga da Justiça hipócrita), “Queen Maeve”,  “A Train”, “The Deep” , “Black Noir”, “Storm Front” e por fim uma infeliz que foi de tonta, “Starligth”, não os lembra uma instituição nacional na qual, (como dizem nossos vizinhos tudo é proverbialmente maior), os “ONZE” e não sete, compõem uma liga de seres diferenciados  com super poderes.

Nossos “heróis” são conhecidos por nomes como: Lulu Boca de Veludo, Carmem Miranda, Amigo do Amigo do Meu Pai, Sapão, Beija Pé, entre outros impublicáveis e também usam capa.

Aqui a vida imita a arte.

Como na série da TV, o espectador descobre muito tarde que os heróis não nascem com seus poderes, eles lhes são dados por alguém que deles se beneficia nas sombras.   

Infelizmente, nós seres humanos sem poderes especiais, envelhecemos rapidamente e na maioria das vezes quando o conhecimento e consequentemente a sabedoria nos alcança, já é tarde demais.

Nas últimas mais de três décadas, governantes comunistas disfarçados de inocentes e bem intencionados socialistas, promoveram canalhas a cargos de poder por lealdade aos seus partidos, não por sua capacidade comprovada em exercê-los. Deu nisso!

Agora, como no seriado, cabe a nós gente sem poderes, (pelo menos não aparentes), acabar com os super poderosos antes que eles acabem conosco.

Se Garth Ennis tivesse nascido no Brasil, não precisaria ter se inspirado nas palavras de John E. E. Dalberg Acton (Lord Acton para os íntimos) bastaria assistir os noticiários da TV.

Da ficção superlativa à abjeta realidade explícita, sejam todos bem vindos ao verdadeiro mundo dos quadrinhos adultos.

 

   

 

 

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