sábado, 13 de agosto de 2022

 


Um “Big Bang” particular.

 

Por H. James Kutscka

 

Eu era nada, e como qualquer nada que se preze, nem mesmo tinha consciência de o ser, (nada quero dizer).

Então um microscópico espermatozoide, todo afoito e completamente irresponsável, sem nem mesmo saber o por que, colidiu com um óvulo (uma singularidade distraída e sem maiores pretensões) e...bang, células começaram a se multiplicar e expandir-se.

Nove meses de “forno” depois, embora ainda não cogitasse, “sunt”.

Então por puro acaso e sem consulta prévia, eis-me aqui. 

Um estranho em uma terra estranha, um universo feito de carne e ossos em constante expansão caminhando para um final inevitável desde o primeiro momento.

Dessa época, tenho a reportar a seja lá quem tenha sido o responsável pela missão, que os primeiros meses foram duros.

Ainda com quase nenhum controle sobre a matéria e total desconhecimento da língua, não houve comunicação nenhuma ou melhor, apenas choro.

Dor: choro. Fome: choro. Fralda lotada: mais choro.

Em um ou dois anos, fui sendo capaz de mais ou menos dominar a máquina. As primeiras palavras melhoraram substancialmente minha existência, principalmente o descobrimento fundamental da palavra mágica: não.

A expansão de meu universo particular continuou e os cinco anos a seguir conformarão um período equilibrado de diversão, prazer e dor. Então quando tudo parecia estar andando bem, veio o período do aprendizado “oficial”.

Um inferno que durou aproximadamente dezesseis anos, recheados de pesadelos matemáticos e desilusões amorosas, com direito a pequenos períodos no purgatório e alguns raros vislumbres, meio desfocados, do paraíso.

Era aquele mesmo velho espermatozoide inconsciente agora visível, exposto à execração e escárnio público em uma nova corrida de obstáculos.

Não vou ser hipócrita e negar que desse ponto em diante, não me diverti.

Durante esse período da expansão pude conhecer boa parte do mundo, ter uma ideia do cosmos do qual faz parte, e da finitude do ser.

Ao longo de setenta e cinco anos, dores, desilusões alegrias e amores formaram um “mix” que eu diria no todo ter valido a pena.

Como teria pensado o cara que saltou do décimo andar de um prédio ao passar pelo quinto:- até aqui tudo bem.

No que dependia de mim e de meu “big bang” pessoal até o momento vai tudo nos conformes, com possibilidades grandes de melhoras.

Então, antes que façam uma “M”, aqui fica um aviso aos responsáveis pelas urnas mágicas do TSE: Não tentem nenhuma gracinha em outubro próximo, já vivi o bastante para não se enganado por um bando de nadas que se creem o axioma.

Tenho certeza que outros universos singulares que pensam como eu, que já olharam a mentira nos olhos em suas mais disfarçadas formas, não vão ficar calados caso ela (a mentira) tente se impor.

Hoje somos maioria, aprendemos a usar nossos cérebros, queremos viver em ordem e progresso para dar vida a uma nova realidade, na qual valha a pena existir.

O “Flow” com o capitão, até o momento, tem mais de sete milhões de “views”, o consórcio da imprensa está cortando os punhos na banheira.

Estamos prontos.

Bang!

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