Um “Big Bang” particular.
Por H. James Kutscka
Eu era nada, e como qualquer nada que se preze, nem mesmo
tinha consciência de o ser, (nada quero dizer).
Então um microscópico espermatozoide, todo afoito e
completamente irresponsável, sem nem mesmo saber o por que, colidiu com um
óvulo (uma singularidade distraída e sem maiores pretensões) e...bang, células
começaram a se multiplicar e expandir-se.
Nove meses de “forno” depois, embora ainda não cogitasse, “sunt”.
Então por puro acaso e sem consulta prévia, eis-me aqui.
Um estranho em uma terra estranha, um universo feito de
carne e ossos em constante expansão caminhando para um final inevitável desde o
primeiro momento.
Dessa época, tenho a reportar a seja lá quem tenha sido o
responsável pela missão, que os primeiros meses foram duros.
Ainda com quase nenhum controle sobre a matéria e total
desconhecimento da língua, não houve comunicação nenhuma ou melhor, apenas
choro.
Dor: choro. Fome: choro. Fralda lotada: mais choro.
Em um ou dois anos, fui sendo capaz de mais ou menos
dominar a máquina. As primeiras palavras melhoraram substancialmente minha
existência, principalmente o descobrimento fundamental da palavra mágica: não.
A expansão de meu universo particular continuou e os cinco
anos a seguir conformarão um período equilibrado de diversão, prazer e dor.
Então quando tudo parecia estar andando bem, veio o período do aprendizado “oficial”.
Um inferno que durou aproximadamente dezesseis anos,
recheados de pesadelos matemáticos e desilusões amorosas, com direito a
pequenos períodos no purgatório e alguns raros vislumbres, meio desfocados, do
paraíso.
Era aquele mesmo velho espermatozoide inconsciente agora visível,
exposto à execração e escárnio público em uma nova corrida de obstáculos.
Não vou ser hipócrita e negar que desse ponto em diante,
não me diverti.
Durante esse período da expansão pude conhecer boa parte do
mundo, ter uma ideia do cosmos do qual faz parte, e da finitude do ser.
Ao longo de setenta e cinco anos, dores, desilusões
alegrias e amores formaram um “mix” que eu diria no todo ter valido a pena.
Como teria pensado o cara que saltou do décimo andar de um
prédio ao passar pelo quinto:- até aqui tudo bem.
No que dependia de mim e de meu “big bang” pessoal até o
momento vai tudo nos conformes, com possibilidades grandes de melhoras.
Então, antes que façam uma “M”, aqui fica um aviso aos
responsáveis pelas urnas mágicas do TSE: Não tentem nenhuma gracinha em outubro
próximo, já vivi o bastante para não se enganado por um bando de nadas que se
creem o axioma.
Tenho certeza que outros universos singulares que pensam
como eu, que já olharam a mentira nos olhos em suas mais disfarçadas formas, não
vão ficar calados caso ela (a mentira) tente se impor.
Hoje somos maioria, aprendemos a usar nossos cérebros,
queremos viver em ordem e progresso para dar vida a uma nova realidade, na qual
valha a pena existir.
O “Flow” com o capitão, até o momento, tem mais de sete
milhões de “views”, o consórcio da imprensa está cortando os punhos na banheira.
Estamos prontos.
Bang!
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