Meu artigo da semana de 25/10/20
Vergonha é a herança maior que meu
pai me deixou.
Por H. James Kutscka
Graças a meu pai, um amante da
música, minha vida desde que me lembro sempre teve um fundo musical como nos
filmes.
Antes mesmo de completar seis anos de idade quando ainda morávamos em Marcelino
Ramos, (minha cidade natal no Rio Grande do Sul), eu escutava encantado as
músicas gravadas nos discos de baquelite, que meu pai comprava através de
catálogos pelo correio do Rio de Janeiro.
Muitos, para tristeza, dele chegavam quebrados, mas isso não o impedia de
continuar comprando.
Tinha na época (por volta de 1951 ou 1952) o único toca-discos elétrico da
cidade, que na época, era tratado de vitrola e ainda era considerada uma
curiosidade inútil ou mera extravagância de gente excêntrica.
Sua paixão vinha da infância quando meu avô, imigrante polonês fugido de um pais
que se desfazia desde 1848 (quando acabou o Grão- Ducado de Poznan e se
transformou em mera província da Prússia), já no Brasil na primeira década do
século vinte, dono de um pequeno hotel paradoxalmente chamado de Grande Hotel,
em Mafra (Santa Catarina) comprou um gramofone.
Segundo relatos da família, meu pai (ainda com menos de cinco anos) ficava
horas sentado ao lado do cone amplificador do aparelho ouvindo a música como o
cachorrinho do logotipo da “His Master Voice” precursora da RCA Victor.
Enquanto houvesse alguém para dar corda ao aparelho, ele ficaria ali. É curioso
para mim imaginar essa cena, mas combina com o homem que passou uma noite
dançando comigo no colo ao som de seus preciosos discos quando fui mordido no
braço por um cachorro e tive de levar vários e dolorosos pontos, dos quais
carrego as marcas até hoje.
Do meu avô que fazia questão de não falar mais a língua pátria, para não
lembrar as agruras que passara, sobrou a única frase que ele amarguradamente
dizia quando alguém lhe pedia para ensinar algo em polonês:” Nie mówię po
polsku (soa como nievuvie popolscu e significa: não falo polonês)
Do meu pai e dessa época, recordo o carinho e um trecho de letra de música
(sucesso de Linda Batista em um tempo em que as pessoas ainda tinham vergonha
na cara) ficou gravado em minha mente:
“Vergonha é a herança maior que meu pai me deixou”
Tomado de nostalgia, busquei no You Tube e encontrei, a música que tem como
nome “Vingança” e nela está dito tudo que eu desejaria dizer aos membros do STF
a começar pelo ministro Fux, que pretende judicializar a obrigatoriedade da
“vachina”, ao Nhônho que esteve na última sexta-feira em São Paulo para apoiar
o lobista da China, ao lobista ,ao Batoré, ao Santa Cruz e todo resto da
quadrilha que vem assaltando e travando a economia do Brasil.
Vocês todos, que com sua justiça partidária nos fazem passar vergonha a diário
perante opinião mundial.
A vocês que não herdaram a vergonha
de seus antepassados, como acontecia na minha infância nas rádios do interior,
dedico essa música.
Na sua letra vai de maneira poética toda minha indignação e desejo de vingaça.
Para aqueles com preguiça de ir buscar na internet, tomo a liberdade de aqui
copiar a letra:
“Eu gostei tanto, tanto quando me contaram
Que lhe encontraram chorando e bebendo na mesa de um bar
E que quando os amigos do peito por mim perguntaram
Um soluço cortou sua voz, não lhe deixou falar
É mas eu gostei tanto, tanto quando
me contaram
Que tive mesmo que fazer esforço pra ninguém notar
O remorso talvez seja a causa do seu desespero
Você deve estar bem consciente do que praticou
Ai me fazer passar essa vergonha com
um companheiro
E a vergonha é a herança maior que meu pai me deixou
Mas enquanto houver força em meu
peito
Eu não quero mais nada
Só vingança, vingança, vingança aos santos clamar
Você há de rolar como as pedras
Que rolam na estrada
Sem ter nunca um cantinho de seu
Pra poder descansar”
Ou como mais tarde, nos anos sessenta ouvi Bob Dylan também afirmar que as
pedras haveriam de rolar:
“Once upon a time you dressed so fine
Threw the bums a dime in your prime, didn´t tou?
People call say ´beware doll, you´re bound to fall´
You thought they were all kidding you
You used to laugh about
Everybody that was hanging out
Now you don´t talk so loud
Now you don´t seem so proud”
Embora a figura central dessa segunda letra seja do sexo feminino, hoje com a
ideologia de gênero defendida pela maioria das figuras em questão, serve como
uma luva para as bonecas do grupo.
Um dia ainda as verei (like a rolling stone) despidas do orgulho e prepotência,
chorando pelo mal que praticaram em meu país.
Lembrem-se: Vingança é um prato que se serve frio; vocês não perdem por
esperar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário