Os alegres campos de caça do além não existem.
Por H. James Kutscka
Certeza é uma palavra ambígua, mas depois te me ter
convencido de haver morrido pelo menos cinco vezes nessa vida, ouso usá-la para
afirmar que tudo o que temos é o aqui e o agora, e talvez a música dos Rolling
Stones “Satisfaction” (´cause we can get no).
Explico:
Ao longo de meus quase setenta e quatro anos de existência,
por motivos diversos sofri (no caso sem dor) o procedimento de anestesia geral
por cinco vezes, ocasiões em que fiquei em um limbo fora da realidade, em
alguns casos por poucos minutos, em outros por algumas horas (embora respirando
estava morto, como saber?).
Do lado de lá não há tempo a ser medido, só a eternidade
que como descreveu com propriedade meu conterrâneo poeta gaúcho Mario Quintana:
é um relógio sem ponteiros.
Não existem lembranças, sonhos ou dor a ser sentida.
Qualquer resquício daquilo que nós mortais chamamos de vida, se dissolve como
sal na água.
Todas as vezes quando saia da anestesia, me sentia como se
houvesse nascido novamente, (com a vantagem de não ter de passar pelo duro
aprendizado de sobrevivência que passam todos recém nascidos humanos) e em
todas elas uma ideia, uma pequena luminescência, uma quase imperceptível faísca
lá no fundo de meu cérebro recém
desperto, mas com o disco rígido lotado de informações recolhidas ao longo dos anos vividos,
parecia bordejar o conhecimento de qual seria o sentido da vida, mas a
construção final do conceito sempre me escapava pelo labirinto intrincado dos
neurônios.
Na noite da última segunda-feira, após ter feito uma colonoscopia
à tarde (com sedação) senti que as peças finalmente se encaixavam, e mais,
faziam total sentido.
No momento mesmo senti uma profunda paz de espirito.
Teria sido algo como uma epifania? (a pergunta é retórica).
O que por vezes fora apenas um lampejo fugidio,
transformou-se em luz.
As seguintes frases surgiram como que saídas do nada em meu
cérebro dando sentido a tudo:
“A realidade é uma fantasia finita”.
“O nada é uma realidade que desafia a entropia para
tornar-se sonho”.
“Estamos todos à mercê do acaso”.
Resumindo: o sentido da vida é que a vida não precisa ter
sentido, ela apenas “É”. Goste você ou não.
Por isso me angustia a perda de tempo na vida, assim como a
atual perda de vidas devido a desejos de gloria e poder por parte de tiranetes
de opereta que não se dão conta da transitoriedade de suas vidas e da
insignificância daquilo que buscam diante do todo.
Os romanos já sabiam “sic transit gloria mundi”, mas é
claro, os atuais analfabetos funcionais que dirigem a “nau dos insensatos” em
que se tornou nosso país, jamais se deram ao trabalho de ler nem catálogo de
instruções de aparelhos eletrônicos.
Que diferença faz hoje para Napoleâo Bonaparte ou Gengis
Khan terem sido quem foram?
Ou mesmo qualquer outro nome que esteja impresso nos livros
de história dessa microscópica partícula de poeira cósmica, perdida em um
universo de infinitas possibilidades que chamamos de planeta e lhe damos o nome
de: ”Terra”.
Diferença nenhuma, talvez seja a resposta mais apropriada.
Então esquecendo vaidades, vamos nos apegar ao prático, por
as mãos na massa e resolver imediatamente o que está errado, qualquer demora em
tomar as devidas providencias para eliminar aqueles que fazem de nossa vida um
inferno, será perda de tempo e o mais importante vida e vidas
Alguém precisa fazer algo de imediato, seja nosso Presidente
da República que é o Supremo Comandante em Chefe das Forças Armadas, seja o
Exército, ele mesmo em nome do povo, ou mesmo o povo ainda que desarmado.
A liberdade vale a própria vida, que de nada vale sem ela.
O inferno é aqui. O céu também.
A nós cabe escolher.
Alegres ou não, os campos de caça são aqui mesmo, e não há
outros até indiscutível prova em contrário.
Felicidade e prosperidade já!
Me acompanhe todas as terças-feiras e sábados no “Três
Neurônios” no You Tube.
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