sábado, 7 de agosto de 2021

 




A Toxina Münchhausen.

 

Por H. james Kutscka

 

Graças a meus país e talvez pela inexistência de televisão onde morávamos, minha infância foi permeada de livros que supriam satisfatoriamente a necessidade de aventuras e diversão que faltavam a Iraí, uma cidade estação de águas minerais sulfurosas com menos de quatro mil habitantes no Rio Grande do Sul, para onde meu pai havia sido transferido antes de vir definitivamente a São Paulo para participar da instalação do Banrisul na rua Xavier de Toledo.

Eu tinha menos de dez anos.

Como teria escrito Cervantes em seu Dom Quixote: É necessária muita imaginação para quem nasce em La Mancha.

Embora bem longe de La Mancha, faço minhas as palavras dele.

Um dos livros lidos nessa época foi “As aventuras do Barâo de Münchhausen” escrito por um bibliotecário e cientista alemão autodidata chamado Rudolf Erich Raspe

As aventuras do Barão na Rússia, são uma coleção de mentiras divertidas, uma delas é onde o personagem relata como conseguiu escapar de um poço de areia movediça onde inadvertidamente caíra com seu cavalo puxando-se pelos próprios cabelos livrando a si mesmo assim como sua montaria (que trouxe presa entre as pernas) da morte certa.

Ou de como viajou em uma bala de canhão para espionar as tropas russas e tendo assim visto o que queria, saltou para uma bala que vinha em direção contrária e voltou para suas tropas com a informação.

O livro virou filme pela primeira vez em 1943 dirigido pelo húngaro Joseph Von Baky com o nome de “Münchausen” e foi escolhido por Goebbels (o ministro de propaganda de Hitler) para celebrar o vigésimo quinto aniversário da mais importante rede de estúdios cinematográficos da Alemanha, o UFA (Universum Film Aktien) que durou de 1917 até 1945.

Como se pode ver, mesmo que divertidas e inocentes, não é de hoje que a mentira é uma das principais armas dos regimes totalitários e por eles idolatrada.

Ela no mínimo cria uma distração para o populacho, enquanto os tiranos perseguem seus objetivos com obstinação sem serem incomodados.

As mentiras do Barão eram tão fascinantes que em 1989 foram novamente levadas à tela com uma direção de arte espetacular em uma super produção dirigida por Terry Gillian (um dos Monty Python, responsável pelas animações da série britânica “Monty Python Flying  Circus”).

Se você meu caro leitor ainda não viu, vale a pena ver, até porque precisamos de um bom divertimento nesses tempos em que a maior parte de nossos políticos, ministros, juízes e jornalistas parecem ter sido infectados pela Toxina Münchhausen, que como principal efeito leva o paciente a tornar-se mitômano.

A toxina já se espalhou pelo mundo. 

No Brasil ao que se pode notar pelos telejornais, transmissões da TV do Congresso e periódicos, trata-se de uma “pandemia seletiva” (se é que existe o termo pois ataca preferencialmente membros da esquerda).

Os sintomas da doença mais notáveis são: compulsão pela mentira, dúvidas sobre a sexualidade, alucinações e convulsões quando expostos à verdade, falta de coerência verbal, irrascividade hedionda, provocada pelo vírus aliado à abstinência de propinas há mais de dois anos e meio.

Por aqui aparentemente, a pandemia teve origem no Supremo seja lá qual for, talvez o Supremo de Frango à Cubana, onde ministros togados violam à diário nossa Constituição com interpretações esdrúxulas enquanto, com a maior cara de pau, acusam o presidente de estar pondo em risco a democracia.

Para descobrir se a pessoa está infectada ou não é fácil, basta perguntar se ela é a favor do voto auditável, se ela responder que isso é uma imbecilidade pois as atuais urnas são absolutamente seguras e invioláveis, se  na sequência ela pedir a prisão de médicos que defendem o tratamento precoce para a “fraudemia”  inventada na China, ou se ela disser que o atual presidente é um “Genô” e que graças a Deus as pesquisas mostram claramente que  o cachaceiro vai voltar em 2022, pode ter certeza, o cidadão está infectado.

Nós o povo de bem, cansados de tanta mentira, esperamos com fé encontrar a cura da toxina a tempo, antes de ter de exterminar todo rebanho infectado como se fazia no campo quando uma rês contraia brucelose.

Se de verdade alguém está ameaçando a democracia nesse momento é a “hidra togada de onze” cabeças, basta cortar uma que a besta cai desorientada.

Como diria com propriedade Senhor Spock da série Star Treck, o Vulcano que tinha a lógica como quase religião: As necessidades de muitos sobrepõem-se às necessidades de poucos.

Estamos esperando o que?

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