A Toxina Münchhausen.
Por H.
james Kutscka
Graças a meus país e talvez
pela inexistência de televisão onde morávamos, minha infância foi permeada de
livros que supriam satisfatoriamente a necessidade de aventuras e diversão que
faltavam a Iraí, uma cidade estação de águas minerais sulfurosas com menos de
quatro mil habitantes no Rio Grande do Sul, para onde meu pai havia sido
transferido antes de vir definitivamente a São Paulo para participar da
instalação do Banrisul na rua Xavier de Toledo.
Eu tinha menos de dez anos.
Como teria escrito Cervantes
em seu Dom Quixote: É necessária muita imaginação para quem nasce em La Mancha.
Embora bem longe de La Mancha,
faço minhas as palavras dele.
Um dos livros lidos nessa
época foi “As aventuras do Barâo de Münchhausen” escrito por um bibliotecário e
cientista alemão autodidata chamado Rudolf Erich Raspe
As aventuras do Barão na
Rússia, são uma coleção de mentiras divertidas, uma delas é onde o personagem relata
como conseguiu escapar de um poço de areia movediça onde inadvertidamente caíra
com seu cavalo puxando-se pelos próprios cabelos livrando a si mesmo assim como
sua montaria (que trouxe presa entre as pernas) da morte certa.
Ou de como viajou em uma bala
de canhão para espionar as tropas russas e tendo assim visto o que queria,
saltou para uma bala que vinha em direção contrária e voltou para suas tropas
com a informação.
O livro virou filme pela
primeira vez em 1943 dirigido pelo húngaro Joseph Von Baky com o nome de “Münchausen”
e foi escolhido por Goebbels (o ministro de propaganda de Hitler) para celebrar
o vigésimo quinto aniversário da mais importante rede de estúdios
cinematográficos da Alemanha, o UFA (Universum Film Aktien) que durou de 1917
até 1945.
Como se pode ver, mesmo que divertidas
e inocentes, não é de hoje que a mentira é uma das principais armas dos regimes
totalitários e por eles idolatrada.
Ela no mínimo cria uma distração
para o populacho, enquanto os tiranos perseguem seus objetivos com obstinação
sem serem incomodados.
As mentiras do Barão eram tão
fascinantes que em 1989 foram novamente levadas à tela com uma direção de arte
espetacular em uma super produção dirigida por Terry Gillian (um dos Monty
Python, responsável pelas animações da série britânica “Monty Python
Flying Circus”).
Se você meu caro leitor ainda
não viu, vale a pena ver, até porque precisamos de um bom divertimento nesses
tempos em que a maior parte de nossos políticos, ministros, juízes e
jornalistas parecem ter sido infectados pela Toxina Münchhausen, que como
principal efeito leva o paciente a tornar-se mitômano.
A toxina já se espalhou pelo
mundo.
No Brasil ao que se pode notar
pelos telejornais, transmissões da TV do Congresso e periódicos, trata-se de
uma “pandemia seletiva” (se é que existe o termo pois ataca preferencialmente
membros da esquerda).
Os sintomas da doença mais
notáveis são: compulsão pela mentira, dúvidas sobre a sexualidade, alucinações
e convulsões quando expostos à verdade, falta de coerência verbal,
irrascividade hedionda, provocada pelo vírus aliado à abstinência de propinas há
mais de dois anos e meio.
Por aqui aparentemente, a
pandemia teve origem no Supremo seja lá qual for, talvez o Supremo de Frango à
Cubana, onde ministros togados violam à diário nossa Constituição com
interpretações esdrúxulas enquanto, com a maior cara de pau, acusam o
presidente de estar pondo em risco a democracia.
Para descobrir se a pessoa
está infectada ou não é fácil, basta perguntar se ela é a favor do voto
auditável, se ela responder que isso é uma imbecilidade pois as atuais urnas
são absolutamente seguras e invioláveis, se na sequência ela pedir a prisão de médicos que
defendem o tratamento precoce para a “fraudemia” inventada na China, ou se ela disser que o
atual presidente é um “Genô” e que graças a Deus as pesquisas mostram
claramente que o cachaceiro vai voltar em
2022, pode ter certeza, o cidadão está infectado.
Nós o povo de bem, cansados de
tanta mentira, esperamos com fé encontrar a cura da toxina a tempo, antes de
ter de exterminar todo rebanho infectado como se fazia no campo quando uma rês
contraia brucelose.
Se de verdade alguém está
ameaçando a democracia nesse momento é a “hidra togada de onze” cabeças, basta cortar
uma que a besta cai desorientada.
Como diria com propriedade Senhor
Spock da série Star Treck, o Vulcano que tinha a lógica como quase religião: As
necessidades de muitos sobrepõem-se às necessidades de poucos.
Estamos esperando o que?
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