Alma de borracha
Por: H.James Kutscka
No meu artigo anterior para meu blog “Acuse-os do que você
faz, chame-os do que você é”, escrevi sobre o desencontro entre meu espirito ou
alma, que teima em achar que tem 18 anos e meu ser físico, mais realista e
menos sonhador, que sabe perfeitamente que tem 75 anos e das limitações que tal
fato acarreta.
Como meus queridos leitores já sabem, isso me levou na
última sexta feira dia 27 de maio a ser internado em um hospital, pois a
vertebra quebrada estava pressionando alguns nervos que irritados com a
usurpação de seus espaços, demonstravam toda sua bronca para com minha
imprudência me brindando com dores variadas que iam desde os dedos do pé até a
“caixa de jóias”, com a qual fomos brindados pela natureza entre as pernas.
Fui internado de urgência, medicado com fortes analgésicos que
aliviaram minhas dores e meu médico recomendou uma operação na qual seria
colocado um cimento no interior da vertebra quebrada devolvendo-a a seu lugar
de direito e liberando o espaço para os nervos ao seu redor que deixariam de
ter motivo para me azucrinar, mas como os planos de saúde não trabalham nos
finais de semana e como meu caso não
poderia ser caracterizado como de risco de vida, eu teria de esperar até a
segunda feira para que o pedido de autorização do procedimento fosse enviado a
meu plano de saúde para devida aprovação.
Da segunda feira até hoje sábado devido a burocracias( e
principalmente ao fato de que, quem está
decidindo sobre meu futuro não estar em uma cama de hospital) estou usufruindo de uma estadia forçada em
um quarto que se tornou minha
prisão, onde através de um acesso com uma agulha colocado em meu braço esquerdo
sou generosamente injetado com
analgésicos, calmantes e toda espécie de medicamentos necessários para o
bom andamento do físico, já que para a alma diante do acontecido, só restou o
se lamentar.
Já vai uma semana no aguardo da autorização. No país das
maravilhas pagamos planos de saúde para que em caso de necessidade não tenhamos
problemas, e na hora da necessidade, problemas é o que temos.
Eles discutem se o procedimento e os materiais pedidos pelo médico são ou não realmente
necessários, enquanto no caso o paciente (esse escriba), mofa em uma cama de
hospital onde o tempo teima em ser mais lento que “d´habitude” (em francês para
que todos vejam que apesar dos pesares ainda não perdi o “ aplomb”)
usufruindo da culinária gourmet da
instituição, aguardando que a Cabesp e a Cabergs (planos em questão) entrem em
um acordo sobre o que vale ou deixa de valer no meu caso, e lá se vão oito dias
e contando. O pomo da discórdia é uma cifoplastia com balão pedida por meu médico
que o plano alega não ser coberto pela apólice e se respalda na ANS (Agencia Nacional
de Saúde Suplementar) enquanto o hospital por sua vez diz ser esse um
procedimento amplamente aceito por outros planos de saúde até menos
conceituados que o meu (o citado anteriormente).
Enquanto eles discutem eu vivo o sonho socialista. Você passa o dia na cama, tem um suprimento
de drogas autorizadas pelo médico, comida no quarto, uma televisão em frente a
cama e enfermeiros para te ajudar em tudo.
Acreditem é enlouquecedor.
Na quarta feira bateu a depressão. Comecei a lembrar do
passado, quando as pernas eram firmes e a vida era um enorme futuro cheio de
possibilidades e não sei porque lembrei de uma antiga canção dos Beatles
“Norwegian Wood” e comecei a cantarolar.
Peguei meu computador, precisava ouvir a música, não
demorou estava de volta aos meus dezoito anos, ser feliz não custava tão caro,
na minha frente na tela do lap top a capa do disco no qual fora gravada a
música. Seu nome “Rubber Soul”. Era minha alma mandando uma mensagem e talvez
se justificando embora meu corpo vá com o tempo ficando mais frágil e
quebradiço, minha alma definitivamente é
de borracha e vamos sobreviver à vertebra quebrada, aos desmandos do STF onde
um ministro que não sai das redes sociais declara que “a internet deu voz aos
imbecis”, (podemos talvez perdoar o “ lapsus linguae), do TSE, que tem um amor
desmesurado pelas urnas eletrônicas usadas somente aqui no Butão e em
Bangladesh, de governadores sacripantas, um deles celerado, a serviço do
narcotráfico quer legalizar com carteira de trabalho os “aviãozinhos,” (menores
entregadores de drogas) porque segundo sua visão distorcida, os traficantes são
geradores de emprego, um prefeito que tem a brilhante ideia de cobrar IPTU das
covas no cemitério, moção que a câmara de vereadores da cidade aprova em
primeira instância
Como nos ensina o Sun Tzu, agora é tratar de sobreviver e
sair do problema com o mínimo de perdas. Sobreviver para lutar outro dia.
No momento posso estar quebrado, mas minha alma é de
borracha e aconteça o que acontecer hei de sobreviver a tudo e a todos para em
pé ver ruir as iniquidades e o Brasil tornar-se o país que todos nós
conservadores queremos.
Como diria Beto Carneiro o vampiro Brasileiro personagem do
imortal Chico Anísio:- “Minha vingança será maligna”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário