sábado, 11 de junho de 2022

 



O Sacripanta Tribunal Federal do Reino Encantado.

 

Por: H. James Kutscka

 

Era uma vez no Reino Encantado um tribunal destinado a guardar e fazer respeitar as leis constantes de um livro sagrado onde teriam sido elencados todos os direitos e deveres dos cidadãos, incluindo o próprio rei e os membros de dito tribunal.

Como os membros do tribunal eram escolhidos pelo próprio rei, tudo ia bem no reino da fantasia até o momento em que um reles capitão do exército em um plesbicito popular ascendeu ao trono.

Descobriu-se então o conluio entre o deposto rei e os ministros de seu tribunal de sacripantas. Vieram à tona as benesses dos até então quase invisíveis ministros, seus banquetes com lagostas regados a vinhos premiados vieram a luz para espanto de boa parte dos habitantes do reino, que mal tinha para o pão, sua leniência com criminosos e com o narcotráfico que mantinha milícias nos morros inexpugnáveis que cercavam as maravilhosas praias do reino. Morros que abrigavam verdadeiras madraças de grupos terroristas nos quais a polícia do reino estava proibida de subir ou mesmo sobrevoar por ordem de um dos sacripantas ministros.

Postos a descoberto pelo capitão, ditos ministros usando de suas prerrogativas legais, legislando ilegalmente outras, conseguiram soltar o rei ladrão que se encontrava detido desde que foram descobertas suas falcatruas e nada mais nada menos que instauraram outro plesbicito para recolocar o rei amigo de volta no trono.

Para assegurar-se de que ele sairia vitorioso do escrutínio popular, estabeleceram que a escolha seria feita através de votos em uma urna eletrônica mágica, cujos votos seriam computados em uma sala secreta (puxadinho) de seu ministério onde o milagre aconteceria.

Enquanto preparavam o golpe, lançaram toda espécie de acusações contra o capitão e seus seguidores. Publicaram inúmeras falsas pesquisas de opinião que mostravam o ex monarca ladrão como o virtual vencedor do futuro plesbicito. Instauraram a censura no reino para as mensagens a favor do capitão distribuídas por pombos correio que eram abatidos com tiros de calibre doze pelos atiradores a serviço dos ministros, cooptaram a imprensa local e até mesmo de outros reinos para dar voz aos detratores do homem que havia exposto suas maracutaias, mostrando a quem quisesse ver, que uma instituição outrora necessária e ilibada havia sido aparelhada pelo antigo rei e seus lacaios, que nela infiltraram seus amigos para acobertar seus crimes e garantir sua permanência no poder.

Tal reino à distinção de outros reinos da fantasia, não possuía dragões como reinos similares costumavam ter, contava apenas e tão somente com um regimento de dedicados “Dragões da Independência” (resquício de um antigo império) que davam o ar de sua graça somente em ocasiões protocolares, e de dragões, tinham somente o nome.

No reino em questão, infelizmente não existiam fadas madrinha, embora bruxas não faltassem, (duas delas que não perdiam oportunidade de lançar malefícios sobre o capitão e sua família) ocupavam cadeiras no tal Sacripanta Tribunal.

Aos poucos os ministros desse tribunal sui generis, de ilegalidades em ilegalidades, ocupou o espaço político do reino.

Liberdades foram suprimidas, prisões decretadas, novas leis criadas, pensamentos dissidentes criminalizados, repórteres não de acordo com a verdade oficial perseguidos dentro e fora do reino.

Para ocasiões assim o capitão que contra a vontade dos ministros era adorado pelo povo, contava apenas com uma onça mágica que era a encarregada de manter a lei, a ordem, a independência entre os poderes e a liberdade no reino, mas o animal como tudo mais (menos é claro os ministros) nesse reino de fantasia parecia estar encantada dormindo o sono dos justos.

Então um dia, o capitão atendendo ao convite de um reino distante, outrora muito poderoso e dono de si, visitou-o e lá para surpresa de todos foi recebido como herói.

Em sua homenagem populares saíram com ele em um passeio de moto. O rugido dos inúmeros e potentes motores espantou os habitantes daquele reino longínquo e foi impossível de ser ignorado pela imprensa, tal barulho fez com que a onça embora distante, abrisse um olho e se desse conta do estado das coisas.

Se a tomada de tento da onça mágica fez com que mudasse alguma coisa naquele reino encantado tão cobiçado pelos agentes do mal, já será uma outra história. História essa que fica para depois de outubro, de qualquer forma ainda bem que isso é só fantasia.

Já aqui na realidade em que vivemos, queridos leitores, é bom que se certifiquem de ficar bem acordados e não permitir que os ministros de nosso Supremo Tribunal Federal lhes tirem o direito de duvidar de histórias fantasiosas, diariamente impingidas pela velha imprensa em seus últimos suspiros.

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