sábado, 22 de outubro de 2022



 




Devolva minha filmadora

 

Por H. James Kutscka

 

Ao longo dos últimos quase quatro anos, o primeiro presidente confiável que foi legitimamente eleito no Brasil sofreu todo tipo de ataques, desde físicos até a sua honra e de sua família, culminando por ver sua filha de doze anos ser chamada de puta na imprensa por uma burguesa lésbica desqualificada.

Gente absolutamente retardada o chamou de genocida, misógino, homofóbico e até de canibal sob o beneplácito olhar da Suprema Corte. A mesma tão preocupada com o fato de o cachaceiro ser chamado de ladrão, corrupto, descondenado e chefe de quadrilha a ponto de censurar a única emissora que ainda se preocupava em noticiar a verdade em terras Tupiniquins, a Jovem Pan. 

Pois bem nesse clima onde a imprensa tenta nos convencer que o país está dividido entre comunistas (que se dizem progressistas porque imaginam ser um adjetivo mais “descolado”) e conservadores, o candidato de direita arrasta milhões às ruas por onde passa e o outro se gaba de poder trafegar (ou seria traficar?) livremente no Complexo do Alemão em terras cariocas, aquele paraíso do crime ungido pelo ministro Fachim do Supremo que proibiu terminantemente a polícia de entrar e helicópteros de sobrevoarem.

Ministro esse que foi cabo eleitoral da “presidanta” e claramente é militante (como a grande maioria de seus pares) do PT.

Durante, como já disse anteriormente os últimos quase quatro anos, também tive meus dissabores pessoais tratando de não perder amigos por razões políticas. Nas redes sociais fui tolerante com muitos deles que eventualmente nem apoiavam o cachaceiro, mas eram contra o atual presidente por diversos motivos.

Viam nele somente os defeitos e pareciam cegos quanto aos acertos, colocando-se em uma terceira via que somente existia em seus cérebros.

Jamais comentei suas opiniões e a bem da verdade eles também se abstiveram de comentar meus artigos e vídeos.

Um respeito mútuo, democrático e cavalheiresco havia se criado, pessoas inteligentes assim agem.

Até o final do primeiro turno, esses meus amigos sem que me causasse nenhuma estranheza poderiam optar por qualquer dos candidatos que se apresentaram ao pleito, porém no momento atual em que somente sobraram os dois mais “votados”, optar pelo cachaceiro é demais para meu cavalheirismo e educação. Não dá mais para ficar calado. Então um amigo dos tempos de cursinho para arquitetura (mais de cinquenta anos atrás) que ainda tenho no Fb publica um artigo de Fernando Reinach, professor do Instituto de Química da USP e articulista do Estadão (aquele que já foi um jornal crível) onde declara que “com nojo votará no cachaceiro no segundo turno” e meu amigo afirma concordar como o “desencaixado cultural” (para não chamar de ignorante) auto didata.

Ok, entendi. Preferem uma ditadura comunista à democracia, preferem um arremedo de liberdade com censura de opinião e um STF aparelhado pela esquerda que nos transformará em pouco tempo em uma grande Venezuela a votar em um presidente rude, mas verdadeiro.

Pois bem não vou citar o nome de meu amigo (até porque amigos são coisas raras nos tempos atuais e não podemos nos dar ao luxo de perdê-los) ele hoje é um empresário de respeito do ramo das comunicações, e se ler esse artigo vai se identificar.

Isso dito caro amigo, permita-me lembrar, sem qualquer ilação ao fato de que o candidato no qual pretende votar não ter qualquer apreço pela propriedade privada que nos tempos em que cursavas a faculdade me pediste emprestada uma filmadora 8mm para um trabalho e jamais a devolveste.

Anos depois, já casados e com filhos criados, por uma feliz coincidência nos encontramos em um casamento ou bar mitzvá (já não lembro) onde tivemos a oportunidade de relembrar o passado. Você gentilmente lembrou que ainda estava com minha filmadora e falou que ia me enviar. A vida nos separara, eu havia morado no exterior por longo tempo. Trocamos telefones e nos conectamos via redes sociais.   

Como costuma acontecer entre amigos nunca me importei com o fato, mas agora que vejo que você apoia o candidato “descondenado” que se por um infortúnio com ajuda das urnas ganhar o segundo turno das eleições, infalivelmente nos levará todos para a mesma “M”, passei a sentir uma imensa saudade de minha filmadora que com suas três lentes intercambiáveis ficaria muito bem na minha biblioteca, junto as minhas antigas câmeras fotográficas. 

Desse modo, na esperança de ter sido bem entendido e de que possamos apesar das diferenças de opinião seguir amigos e sem querer criar polêmica, do fundo de minha desprendida alma gaúcha “peço que devolva a “querência” que lhe emprestei”, minha filmadora, e que em isso fazendo, reavalie suas convicções do que é melhor politicamente para o Brasil que deixaremos para os meus, os teus  e os milhões de filhos de brasileiros que infelizmente ainda votam com a barriga no lugar de fazê-lo com o cérebro.

Cansei de ler bobagem!

   

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