Devolva minha filmadora
Por H. James Kutscka
Ao longo dos últimos quase quatro anos, o primeiro
presidente confiável que foi legitimamente eleito no Brasil sofreu todo tipo de
ataques, desde físicos até a sua honra e de sua família, culminando por ver sua
filha de doze anos ser chamada de puta na imprensa por uma burguesa lésbica
desqualificada.
Gente absolutamente retardada o chamou de genocida,
misógino, homofóbico e até de canibal sob o beneplácito olhar da Suprema Corte.
A mesma tão preocupada com o fato de o cachaceiro ser chamado de ladrão,
corrupto, descondenado e chefe de quadrilha a ponto de censurar a única
emissora que ainda se preocupava em noticiar a verdade em terras Tupiniquins, a
Jovem Pan.
Pois bem nesse clima onde a imprensa tenta nos convencer
que o país está dividido entre comunistas (que se dizem progressistas porque
imaginam ser um adjetivo mais “descolado”) e conservadores, o candidato de
direita arrasta milhões às ruas por onde passa e o outro se gaba de poder
trafegar (ou seria traficar?) livremente no Complexo do Alemão em terras
cariocas, aquele paraíso do crime ungido pelo ministro Fachim do Supremo que
proibiu terminantemente a polícia de entrar e helicópteros de sobrevoarem.
Ministro esse que foi cabo eleitoral da “presidanta” e
claramente é militante (como a grande maioria de seus pares) do PT.
Durante, como já disse anteriormente os últimos quase
quatro anos, também tive meus dissabores pessoais tratando de não perder amigos
por razões políticas. Nas redes sociais fui tolerante com muitos deles que
eventualmente nem apoiavam o cachaceiro, mas eram contra o atual presidente por
diversos motivos.
Viam nele somente os defeitos e pareciam cegos quanto aos
acertos, colocando-se em uma terceira via que somente existia em seus cérebros.
Jamais comentei suas opiniões e a bem da verdade eles
também se abstiveram de comentar meus artigos e vídeos.
Um respeito mútuo, democrático e cavalheiresco havia se
criado, pessoas inteligentes assim agem.
Até o final do primeiro turno, esses meus amigos sem que me
causasse nenhuma estranheza poderiam optar por qualquer dos candidatos que se
apresentaram ao pleito, porém no momento atual em que somente sobraram os dois
mais “votados”, optar pelo cachaceiro é demais para meu cavalheirismo e
educação. Não dá mais para ficar calado. Então um amigo dos tempos de cursinho
para arquitetura (mais de cinquenta anos atrás) que ainda tenho no Fb publica
um artigo de Fernando Reinach, professor do Instituto de Química da USP e
articulista do Estadão (aquele que já foi um jornal crível) onde declara que “com
nojo votará no cachaceiro no segundo turno” e meu amigo afirma concordar como o
“desencaixado cultural” (para não chamar de ignorante) auto didata.
Ok, entendi. Preferem uma ditadura comunista à democracia,
preferem um arremedo de liberdade com censura de opinião e um STF aparelhado
pela esquerda que nos transformará em pouco tempo em uma grande Venezuela a
votar em um presidente rude, mas verdadeiro.
Pois bem não vou citar o nome de meu amigo (até porque
amigos são coisas raras nos tempos atuais e não podemos nos dar ao luxo de perdê-los)
ele hoje é um empresário de respeito do ramo das comunicações, e se ler esse
artigo vai se identificar.
Isso dito caro amigo, permita-me lembrar, sem qualquer
ilação ao fato de que o candidato no qual pretende votar não ter qualquer
apreço pela propriedade privada que nos tempos em que cursavas a faculdade me
pediste emprestada uma filmadora 8mm para um trabalho e jamais a devolveste.
Anos depois, já casados e com filhos criados, por uma feliz
coincidência nos encontramos em um casamento ou bar mitzvá (já não lembro) onde
tivemos a oportunidade de relembrar o passado. Você gentilmente lembrou que
ainda estava com minha filmadora e falou que ia me enviar. A vida nos separara,
eu havia morado no exterior por longo tempo. Trocamos telefones e nos
conectamos via redes sociais.
Como costuma acontecer entre amigos nunca me importei com o
fato, mas agora que vejo que você apoia o candidato “descondenado” que se por um
infortúnio com ajuda das urnas ganhar o segundo turno das eleições,
infalivelmente nos levará todos para a mesma “M”, passei a sentir uma imensa
saudade de minha filmadora que com suas três lentes intercambiáveis ficaria
muito bem na minha biblioteca, junto as minhas antigas câmeras
fotográficas.
Desse modo, na esperança de ter sido bem entendido e de que
possamos apesar das diferenças de opinião seguir amigos e sem querer criar
polêmica, do fundo de minha desprendida alma gaúcha “peço que devolva a “querência”
que lhe emprestei”, minha filmadora, e que em isso fazendo, reavalie suas
convicções do que é melhor politicamente para o Brasil que deixaremos para os
meus, os teus e os milhões de filhos de
brasileiros que infelizmente ainda votam com a barriga no lugar de fazê-lo com
o cérebro.
Cansei de ler bobagem!
Nenhum comentário:
Postar um comentário