Método Romanov
Por: H. James Kutscka
Antes de mais nada devo declarar que não nutro nenhuma
espécie de admiração por títulos monárquicos. Em se tratando de reis e rainhas,
somente reconheço com algum respeito os do baralho, ainda assim quando se
juntam em uma mão de pôquer, em qualquer outra ocasião sou republicano, embora
reconheça os sofismas inerentes ao sistema.
Entretanto nesse artigo, devo me referir a acontecimentos ligados
à realeza ocorridos aproximadamente às 2:30 h da madrugada de 17 de julho de
1918 em Ekaterinburg na região oriental dos Urais na Rússia.
Nicolau II que menos de um mês após a revolução de
fevereiro de 1917, abdicara do trono em favor de seu irmão o grão duque Miguel
Romanov (que espertamente agradeceu e declinou da honra) era um problema para
os bolcheviques liderados por Lenin, que em outubro do mesmo ano, tomaram
definitivamente o poder e mantinham ele, sua família e alguns serviçais mais fiéis
que os acompanharam em cativeiro
O ex Czar e sua família eram uma pedra no sapato
diplomático do novo governo que prometia leva-los a um julgamento público ou
autorizar sua saída da Rússia caso algum país se dispusesse a dar-lhes abrigo.
Diante da indiferença de seus parentes de sangue azul na
Alemanha e Inglaterra, que se faziam de desentendidos ao receber pedidos de
asilo e de diplomatas pisando em ovos por conta das alianças forjadas pelas
necessidades impostas pela Primeira Guerra Mundial em curso, os sete componentes da família e agregados, eram levados escondidos de um lado para outro da Rússia, como
uma verdade inconveniente.
A peregrinação acabou quase um ano depois, com a ordem
(nunca direta), de Lenin através de seu cupincha Alexander Belobodarov
transmitida por telegrama de Moscou com a palavra código: “aniquilação”.
Desse momento em diante, no melhor estilo da esquerda, a
chacina começou a ser “organizada” pelo responsável pelos prisioneiros da Casa
Ipatiev em Ekatarinburg, o agente da polícia secreta bolchevique (Cheka) Iakov
Mikhailovich Yurovsky.
Ele escolheu onze homens para executarem a ordem de Lenim,
um para cada prisioneiro: os sete da família real e mais quatro acompanhantes,
entre eles o Dr. Ievguéni Botkin que tratava da Czarina Alexandra e do
czarévitch Alexei.
Levados a uma sala no porão da casa Ipatiev medindo 7,5m
por 6,5 m com teto abobadado (que teoricamente abafaria o som dos tiros) com a
desculpa de que com o avanço das tropas Tchecoslovacas que estavam já às portas
da cidade, seriam realocados para um lugar mais seguro, foram sem nenhuma resistência, levando
seus poucos pertences e algumas joias costuradas no forro de suas roupas o que
em alguns casos acabou funcionando como colete à prova de balas, que não salvou
ninguém apenas prolongou o sofrimento.
Quando todos estavam dentro da sala sem janelas, Yurovsky
com seus comandados ocupou a única saída, adiantou-se para ficar cara a cara
com Nicolau e leu a seguinte nota:
“Em vista do fato de que seus parentes europeus continuam a
atacar a Rússia Soviética a diretoria do Soviete Regional dos Urais, decidiu
que vocês devem ser mortos”...
Espantado com o fato inesperado, Nicolau teria dito: - Não estou entendendo, leia de novo.
Sem lhe dar atenção, Yurovsky prosseguiu com o teatro: ...
“em razão do fato de os tchecoslovacos estarem ameaçando a Capital Vermelha nos
Montes Urais – Ekatarinburg- e porque o “carrasco coroado” (se referia a Nicolau
II) talvez escape da Corte do Povo, a diretoria do Soviete Regional atendendo à
vontade da Revolução, decretou que o Czar Nicolau Romanov culpado de
incontáveis crimes sangrentos contra o povo, deve ser morto”
Deu um passo à frente e disparou um tiro a queima roupa no
peito de Nicolau o que provocou um frenesi de disparos no pequeno ambiente.
Mais de setenta tiros foram disparados na ânsia de mostrar
serviço, pelos sete comandados de Yurosvsky (já que quatro à ultima hora
desistiram de participar do massacre).
Como sete das armas eram “Nagant” de fabricação Belga com munição à base
de pólvora negra, desde os primeiros disparos o recinto se enchera de fumaça fazendo
com que os assassinos disparassem a esmo sem ver seus alvos o que fez com que algumas
das vítimas da barbárie no final do tiroteio, ainda estivessem vivas se contorcendo
no chão banhado de sangue, fezes e urina.
Essas passaram a ser executadas com baionetas retiradas de
fuzis dos guardas que faziam a segurança da casa.
Os corpos convenientemente vestidos com uniformes russos
e levados por um caminhão a uma floresta próxima, seriam posteriormente
dissolvidos em ácido e queimados para que não restasse nenhum vestígio da
covarde execução.
As quatro meninas, o garoto hemofílico de apenas quatorze
anos, junto com quatro servidores leais, foram apenas algumas das vítimas de um
sistema brutal e de poder que se instalava no país e que desde então até os
dias de hoje, fez mais de cem milhões de vítimas ao redor do mundo em países que
embarcaram na utopia de Lenin, Marx, Trotski e Stalin.
Como disse no princípio, não tenho nenhum rei ou rainha de
estimação, mas apenas citei esse fato histórico para mostrar como a esquerda
resolve seus problemas políticos.
As vítimas não tiveram nem o direito a uma execução
decente.
O que chamo de método Romanov e descrevi acima é o ”modus operandi”
da esquerda, visto aqui em um de seus momentos icônicos e utilizado até hoje.
Que sirva de lição aos nossos governantes que estão
deixando a ignorância correr solta em nosso país, onde verdadeiros escroques
ditam leis e ameaçam inocentes de prisão.
Nossas instituições que deveriam ser independentes, estão sendo invadidas por um poder que se diz supremo
e que não emana do povo.
Os conservadores com seus pudores e respeito às
instituições, estão como os Romanov, sendo cozidos já a um ano e meio em banho maria,
logo estaremos sendo levados ao porão para o abate.
A ignorância e brutalidade somente respeitam a força bruta.
Quando as palavras caem no vazio e deixam de ser ouvidas,
toca à pólvora dar o recado.
Cabe a nós tirar a “batina” e reagir à altura da ameaça
enquanto é tempo.
Aguardamos suas ordens Sr. Presidente.
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