sábado, 3 de julho de 2021

 












Método Romanov

Por: H. James Kutscka

 

Antes de mais nada devo declarar que não nutro nenhuma espécie de admiração por títulos monárquicos. Em se tratando de reis e rainhas, somente reconheço com algum respeito os do baralho, ainda assim quando se juntam em uma mão de pôquer, em qualquer outra ocasião sou republicano, embora reconheça os sofismas inerentes ao sistema. 

Entretanto nesse artigo, devo me referir a acontecimentos ligados à realeza ocorridos aproximadamente às 2:30 h da madrugada de 17 de julho de 1918 em Ekaterinburg na região oriental dos Urais na Rússia.

Nicolau II que menos de um mês após a revolução de fevereiro de 1917, abdicara do trono em favor de seu irmão o grão duque Miguel Romanov (que espertamente agradeceu e declinou da honra) era um problema  para  os bolcheviques liderados por Lenin,  que em outubro do mesmo ano, tomaram definitivamente o poder e mantinham ele, sua família e alguns serviçais mais fiéis que os acompanharam em cativeiro

O ex Czar e sua família eram uma pedra no sapato diplomático do novo governo que prometia leva-los a um julgamento público ou autorizar sua saída da Rússia caso algum país se dispusesse a dar-lhes abrigo.

Diante da indiferença de seus parentes de sangue azul na Alemanha e Inglaterra, que se faziam de desentendidos ao receber pedidos de asilo e de diplomatas pisando em ovos por conta das alianças forjadas pelas necessidades impostas pela Primeira Guerra Mundial em curso,  os sete componentes da família  e agregados, eram levados  escondidos de um lado para outro da Rússia, como uma  verdade inconveniente.

A peregrinação acabou quase um ano depois, com a ordem (nunca direta), de Lenin através de seu cupincha Alexander Belobodarov transmitida por telegrama de Moscou com a palavra código: “aniquilação”.

Desse momento em diante, no melhor estilo da esquerda, a chacina começou a ser “organizada” pelo responsável pelos prisioneiros da Casa Ipatiev em Ekatarinburg, o agente da polícia secreta bolchevique (Cheka) Iakov Mikhailovich Yurovsky.

Ele escolheu onze homens para executarem a ordem de Lenim, um para cada prisioneiro: os sete da família real e mais quatro acompanhantes, entre eles o Dr. Ievguéni Botkin que tratava da Czarina Alexandra e do czarévitch Alexei.  

Levados a uma sala no porão da casa Ipatiev medindo 7,5m por 6,5 m com teto abobadado (que teoricamente abafaria o som dos tiros) com a desculpa de que com o avanço das tropas Tchecoslovacas que estavam já às portas da cidade, seriam realocados para um lugar mais  seguro, foram sem nenhuma resistência, levando seus poucos pertences e algumas joias costuradas no forro de suas roupas o que em alguns casos acabou funcionando como colete à prova de balas, que não salvou ninguém apenas prolongou o sofrimento.

Quando todos estavam dentro da sala sem janelas, Yurovsky com seus comandados ocupou a única saída, adiantou-se para ficar cara a cara com Nicolau e leu a seguinte nota:

“Em vista do fato de que seus parentes europeus continuam a atacar a Rússia Soviética a diretoria do Soviete Regional dos Urais, decidiu que vocês devem ser mortos”...

Espantado com o fato inesperado, Nicolau teria dito:  - Não estou entendendo, leia de novo.

Sem lhe dar atenção, Yurovsky prosseguiu com o teatro: ... “em razão do fato de os tchecoslovacos estarem ameaçando a Capital Vermelha nos Montes Urais – Ekatarinburg- e porque o “carrasco coroado” (se referia a Nicolau II) talvez escape da Corte do Povo, a diretoria do Soviete Regional atendendo à vontade da Revolução, decretou que o Czar Nicolau Romanov culpado de incontáveis crimes sangrentos contra o povo, deve ser morto”

Deu um passo à frente e disparou um tiro a queima roupa no peito de Nicolau o que provocou um frenesi de disparos no pequeno ambiente.

Mais de setenta tiros foram disparados na ânsia de mostrar serviço, pelos sete comandados de Yurosvsky (já que quatro à ultima hora desistiram de participar do massacre).  Como sete das armas eram “Nagant” de fabricação Belga com munição à base de pólvora negra, desde os primeiros disparos o recinto se enchera de fumaça fazendo com que os assassinos disparassem a esmo sem ver seus alvos o que fez com que algumas das vítimas da barbárie no final do tiroteio, ainda estivessem vivas se contorcendo no chão banhado de sangue, fezes e urina.

Essas passaram a ser executadas com baionetas retiradas de fuzis dos guardas que faziam a segurança da casa.

Os corpos  convenientemente vestidos com uniformes russos e levados por um caminhão a uma floresta próxima, seriam posteriormente dissolvidos em ácido e queimados para que não restasse nenhum vestígio da covarde execução.

As quatro meninas, o garoto hemofílico de apenas quatorze anos, junto com quatro servidores leais, foram apenas algumas das vítimas de um sistema brutal e de poder que se instalava no país e que desde então até os dias de hoje, fez mais de cem milhões de vítimas ao redor do mundo em países que embarcaram na utopia de Lenin, Marx, Trotski e Stalin.

Como disse no princípio, não tenho nenhum rei ou rainha de estimação, mas apenas citei esse fato histórico para mostrar como a esquerda resolve seus problemas políticos.

As vítimas não tiveram nem o direito a uma execução decente.

O que chamo de método Romanov e descrevi acima é o ”modus operandi” da esquerda, visto aqui em um de seus momentos icônicos e utilizado até hoje.

Que sirva de lição aos nossos governantes que estão deixando a ignorância correr solta em nosso país, onde verdadeiros escroques ditam leis e ameaçam inocentes de prisão.

Nossas instituições que deveriam ser independentes, estão  sendo invadidas por um poder que se diz supremo e que não emana do povo.

Os conservadores com seus pudores e respeito às instituições, estão como os Romanov, sendo cozidos já a um ano e meio em banho maria, logo estaremos sendo levados ao porão para o abate.

A ignorância e brutalidade somente respeitam a força bruta.

Quando as palavras caem no vazio e deixam de ser ouvidas, toca à pólvora dar o recado.

Cabe a nós tirar a “batina” e reagir à altura da ameaça enquanto é tempo.

Aguardamos suas ordens Sr. Presidente.

 

    

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