sábado, 2 de abril de 2022

 








Até quando nos comportaremos como meros pregos à espera do martelo?

 

Por H. James Kutscka

 

Na semana que passou, vimos mais uma sessão completa do circo dos horrores em que se transformou nosso País sob o jugo dos urubus togados.

Em uma demonstração de total descontrole e em uma decisão monocrática, um deles resolve afrontar a constituição, o bom senso e a paciência das pessoas de bem cansadas da tirania imposta por um sujeito que possui um martelo e é acobertado por outros dez, que também possuem a ferramenta e “pensam que todos os problemas que tem parecem pregos”, (como bem se expressou um dia Mark Twain), mandou a PF colocar uma tornozeleira eletrônica em Daniel Silveira dentro da Câmara dos Deputados em Brasília.

Confesso que a postura do deputado de resistência à afronta, que se estendia naquele momento à milhares de brasileiros cientes de que até ali, nenhum crime havia sido cometido pelo parlamentar a não ser o de dizer em alto e bom tom, aquilo que vem engasgado na garganta do povo, me deu por algumas horas a sensação que algo de bom finalmente iria acontecer.

Cabia ao presidente da Câmara tomar uma atitude, que não poderia ser outra que a da defesa da Instituição apoiando o direito de opinião de um de seus membros que de maneira educada ou não, havia exposto os podres da Suprema Corte. Afinal tal direito está na Constituição que todos com pompa e circunstância, juraram respeitar quando assumiram seus cargos.

Ledo engano! Esperar o quê de um representante da “República das Alagoas” que tem 100% dos senadores indiciados no STF por corrupção, destacando-se dentre eles o pai do anteriormente citado presidente da Câmara Benedito de Lira (Biu para os íntimos) estado da união que nos brindou com tantos políticos “ilustres” como Renan Callheiros, Collor de Mello, Teotonio Vilela, Ronaldo Lessa.

Delírio seria também esperar que um mineirinho, alçado ao seu nível de incompetência por seus pares, sentado solenemente em cima de nove petições de impeachment do martelador careca maluco, uma delas com mais de três milhões de assinaturas, tome alguma providência.

Neste ponto convém fazer um “mea culpa” recordando a filósofa alemã de origem judaica Hanna Arendt, tão em voga nos dias que correm: “À medida que todos são culpados ninguém em última análise pode ser julgado. Tudo será perdoado por um júri de culpados”.  Me permito complementar utilizando suas palavras adaptadas ao momento:  A culpa é o resultado da apatia diante da repetição de juízos monocráticos.

Diante de tais circunstâncias, só resta persignar-nos e repetir como em uma missa macabra rezada por um padre careca discípulo de Torquemada :-“Nostra culpa, nostra magna culpa.  Nostra culpa, nostra magna culpa. Nostra culpa nostra magna culpa”, (assim, ritualisticamente três vezes, para bem nos conscientizarmos de nossa culpa por torpeza e inanição diante de um poder usurpado dos deuses).

Iremos então finalmente entender que nessa pantomima diária em que vivemos, as únicas pessoas realmente fiéis a seus criadores são os supremos urubus, que mesmo amedrontados e odiados pelas massas seguem fiéis aos seus patrões.  

O povo com seus milhões de votos, junto com o presidente, que por descuido ou frouxidão do TSE elegeram, que se lixe!   

Devem fidelidade canina aos que os colocaram no Olimpo da deusa cega e surda como semideuses vitalícios, e não por mais tempo porque como todos nós, não passam de meros mortais.

A conclusão é que as coisas estão como estão, não por culpa dos “iluministros”, que estão lá na “Corte” fazendo o que foram postos por corruptos para fazer, e sim nossa culpa que permitimos que o façam.

Mas não vos desespereis, diante dos fatos me permito citar Franz Kafka em sua obra “O Processo”: “O processo está em curso e o júri está a todo momento emitindo uma sentença”.

O maior juiz de todos é o povo, e quando ele se cansa de ver injustiças o resultado não é muito bonito de se ver. Maria Antonieta e Benito Mussolini são apenas dois exemplos que me vem à memória quando penso no assunto. 

Tudo tem limite! Democracia nada mais é do que a segurança do direito.

Nossos direitos estão na Magna Carta (Constituição para os íntimos), e ela está sendo enxovalhada à diário pela instituição que teria como única finalidade garantir seu cumprimento, mas que no momento está muito ocupada legislando em benefício dos seus patrões.

Me pergunto até quando? 

Como na minha adolescência ouço o vento sussurrar em meus ouvidos: “The answer my friend is blowing in the wind”.

Assim espero!

 

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