Até quando nos comportaremos como meros pregos
à espera do martelo?
Por H. James Kutscka
Na semana que passou, vimos mais uma sessão completa do
circo dos horrores em que se transformou nosso País sob o jugo dos urubus
togados.
Em uma demonstração de total descontrole e em uma decisão
monocrática, um deles resolve afrontar a constituição, o bom senso e a
paciência das pessoas de bem cansadas da tirania imposta por um sujeito que
possui um martelo e é acobertado por outros dez, que também possuem a
ferramenta e “pensam que todos os problemas que tem parecem pregos”, (como bem
se expressou um dia Mark Twain), mandou a PF colocar uma tornozeleira
eletrônica em Daniel Silveira dentro da Câmara dos Deputados em Brasília.
Confesso que a postura do deputado de resistência à afronta,
que se estendia naquele momento à milhares de brasileiros cientes de que até ali,
nenhum crime havia sido cometido pelo parlamentar a não ser o de dizer em alto
e bom tom, aquilo que vem engasgado na garganta do povo, me deu por algumas
horas a sensação que algo de bom finalmente iria acontecer.
Cabia ao presidente da Câmara tomar uma atitude, que não
poderia ser outra que a da defesa da Instituição apoiando o direito de opinião
de um de seus membros que de maneira educada ou não, havia exposto os podres da
Suprema Corte. Afinal tal direito está na Constituição que todos com pompa e
circunstância, juraram respeitar quando assumiram seus cargos.
Ledo engano! Esperar o quê de um representante da
“República das Alagoas” que tem 100% dos senadores indiciados no STF por
corrupção, destacando-se dentre eles o pai do anteriormente citado presidente
da Câmara Benedito de Lira (Biu para os íntimos) estado da união que nos
brindou com tantos políticos “ilustres” como Renan Callheiros, Collor de Mello,
Teotonio Vilela, Ronaldo Lessa.
Delírio seria também esperar que um mineirinho, alçado ao
seu nível de incompetência por seus pares, sentado solenemente em cima de nove petições
de impeachment do martelador careca maluco, uma delas com mais de três milhões
de assinaturas, tome alguma providência.
Neste ponto convém fazer um “mea culpa” recordando a
filósofa alemã de origem judaica Hanna Arendt, tão em voga nos dias que correm:
“À medida que todos são culpados ninguém em última análise pode ser julgado.
Tudo será perdoado por um júri de culpados”. Me permito complementar utilizando suas
palavras adaptadas ao momento: A culpa é
o resultado da apatia diante da repetição de juízos monocráticos.
Diante de tais circunstâncias, só resta persignar-nos e
repetir como em uma missa macabra rezada por um padre careca discípulo de
Torquemada :-“Nostra culpa, nostra magna culpa. Nostra culpa, nostra magna culpa. Nostra culpa
nostra magna culpa”, (assim, ritualisticamente três vezes, para bem nos
conscientizarmos de nossa culpa por torpeza e inanição diante de um poder
usurpado dos deuses).
Iremos então finalmente entender que nessa pantomima diária
em que vivemos, as únicas pessoas realmente fiéis a seus criadores são os
supremos urubus, que mesmo amedrontados e odiados pelas massas seguem fiéis aos
seus patrões.
O povo com seus milhões de votos, junto com o presidente,
que por descuido ou frouxidão do TSE elegeram, que se lixe!
Devem fidelidade canina aos que os colocaram no Olimpo da
deusa cega e surda como semideuses vitalícios, e não por mais tempo porque como
todos nós, não passam de meros mortais.
A conclusão é que as coisas estão como estão, não por culpa
dos “iluministros”, que estão lá na “Corte” fazendo o que foram postos por
corruptos para fazer, e sim nossa culpa que permitimos que o façam.
Mas não vos desespereis, diante dos fatos me permito citar
Franz Kafka em sua obra “O Processo”: “O processo está em curso e o júri está a
todo momento emitindo uma sentença”.
O maior juiz de todos é o povo, e quando ele se cansa de
ver injustiças o resultado não é muito bonito de se ver. Maria Antonieta e
Benito Mussolini são apenas dois exemplos que me vem à memória quando penso no
assunto.
Tudo tem limite! Democracia nada mais é do que a segurança
do direito.
Nossos direitos estão na Magna Carta (Constituição para os
íntimos), e ela está sendo enxovalhada à diário pela instituição que teria como
única finalidade garantir seu cumprimento, mas que no momento está muito
ocupada legislando em benefício dos seus patrões.
Me pergunto até quando?
Como na minha adolescência ouço o vento sussurrar em meus
ouvidos: “The answer my friend is blowing in the wind”.
Assim espero!
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