sábado, 23 de abril de 2022

 



Estamos vivendo em uma HQ alternativa de mau gosto.

Por H. james Kutscka

 

Pergunto aos meus caros leitores: Se existisse o Super- Homem com todos aqueles super poderes, será que ele seria aquele poço de virtudes que vemos nos quadrinhos e nos filmes?

Para falar a verdade, eu não fui o primeiro a ter essa duvida e imaginar como seria o mundo com super heróis menos caretas e mais humanos, sei que vai parecer clichê, mas vocês já alguma vez se perguntaram porque os clichês viram clichês?

Pois bem, em 1986 Alan Moore festejado roteirista de quadrinhos trouxe à dimensão da fantasia “The Watchman”  (a tradução seria “Os vigilantes”, mas o título original nunca foi traduzido para o português). A novidade é que os super heróis que integravam o grupo, diferente dos que seguiam as regras de “bom mocismo” dos heróis da Marvel ou DC Comics, sofriam de todo tipo de falhas de caráter, assédio sexual, extorsão, abuso de força, cinismo e inaptidão social eram apenas alguns dos predicados que vinham juntos no pacote de super poderes que possuíam.

Foi um tremendo sucesso, talvez porque as pessoas, até mesmo os nerds leitores de quadrinhos, há muito suspeitavam que com grandes poderes (dependendo de quem é premiado com eles), não vem grandes responsabilidades, como diria o tio Ben do Peter Parker (Homem Aranha). No mundo real em que vivemos é mais provável que venham grandes lucros e impunidade.

Seja como for, excetuando-se os fãs da nona arte, ninguém levou tudo isso muito a sério, afinal eram só mais algumas histórias em quadrinhos para adultos, digamos assim, “meio estranhos”.

De qualquer forma ganhou fama suficiente para em 2009 virar filme dirigido por Zack Snyder e render alguns milhões de dólares para o estúdio

Foi o suficiente para que na cabeça de alguns fãs mais atentos surgisse em neon a pergunta:  Se esse tipo de vigilante existisse, “Who will watch over the Watchman”?   (quem irá vigiar os vigilantes?)

Aí então, em 2006 veio Garth Ennis (autor celebrado de “The Preacher” e algumas das melhores histórias de John Constantine para a editora Vertigo), chutando o pau da barraca com “The Boys”, heróis com superpoderes para os quais estupro, assassinato e toda espécie de barbaridades eram apenas detalhes de mais um dia de trabalho, pois eles eram verdadeiros deuses.

O público adorou essa virada que parecia mais próxima ao mundo real e em 2019 virou sucesso em série de TV da Amazon, o que nos leva para o que realmente nos interessa nessa pátria varonil de céu cor de anil em que habitamos.

Fruto dos quadrinhos, do cinema ou de elocubrações próprias de quem deveria estar internado no Asilo Arkham de Gotham City, não integrando a mais alta corte do país, alguns personagens se acreditaram dotados de poderes divinos, os quais passaram a exercer sem pudor sobre a população ignara e o próprio Congresso, também ignaro, que a deveria representar aqueles tolos que através do voto os puseram lá.

Poderes ilimitados e até prova em contrário sem controle, são a porta de entrada para a tirania total.

Só para dar um exemplo: Um Super-Ministro se sente vítima de um deputado, acusa-o de um crime que não existe, e ele mesmo determina sua prisão preventiva. 

Depois de mais de nove meses de encarceramento, o acusado é julgado pela mesma “vítima” escudado por sua “tchurma” e condenado a mais de oito anos de prisão além de multas por ter expressado nas redes sociais o que passava sem censura pela cabeça de milhões de brasileiros.

Me atrevo então a perguntar: Quem vigia os vigilantes preocupados com a nossa “democracia”?

Quem checa os “fact checkers” que diariamente cancelam a verdade que lhes é inconveniente nas redes?

Nessa história em quadrinhos repleta de super vilões de capa preta em que vivemos, não existia super herói para nos salvar, mas no último dia 21 de abril um capitão sem capa e sem cueca por cima das calças, derrotou onze malfeitores de uma canetada só e para gaudio da torcida de milhões, salvou uma vítima importante das garras do mal.

A luta é claro ainda não acabou!

Existem mais vítimas a serem salvas, a quadrilha dos malfeitores também vai se reunir e contra atacar, mas pelo menos agora sabem, como disse o capitão que: podem muito, mas não podem tudo.

Super heróis à parte, acho que temos um de carne e osso, dotado dos valores dos heróis dos anos de ouro dos quadrinhos, ali mesmo em Brasília, presidindo nosso país.

Quem não sabe brincar, ou for muito sensível que não desça para o “play”.

Acautelem-se os vilões, seu fim está próximo e o “bullying” será inevitável.

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