Estamos vivendo em uma HQ alternativa de mau
gosto.
Por H. james Kutscka
Pergunto aos meus caros leitores: Se existisse o Super- Homem
com todos aqueles super poderes, será que ele seria aquele poço de virtudes que
vemos nos quadrinhos e nos filmes?
Para falar a verdade, eu não fui o primeiro a ter essa
duvida e imaginar como seria o mundo com super heróis menos caretas e mais
humanos, sei que vai parecer clichê, mas vocês já alguma vez se perguntaram
porque os clichês viram clichês?
Pois bem, em 1986 Alan Moore festejado roteirista de
quadrinhos trouxe à dimensão da fantasia “The Watchman” (a tradução seria “Os vigilantes”, mas o
título original nunca foi traduzido para o português). A novidade é que os
super heróis que integravam o grupo, diferente dos que seguiam as regras de
“bom mocismo” dos heróis da Marvel ou DC Comics, sofriam de todo tipo de falhas
de caráter, assédio sexual, extorsão, abuso de força, cinismo e inaptidão
social eram apenas alguns dos predicados que vinham juntos no pacote de super
poderes que possuíam.
Foi um tremendo sucesso, talvez porque as pessoas, até
mesmo os nerds leitores de quadrinhos, há muito suspeitavam que com grandes poderes
(dependendo de quem é premiado com eles), não vem grandes responsabilidades,
como diria o tio Ben do Peter Parker (Homem Aranha). No mundo real em que
vivemos é mais provável que venham grandes lucros e impunidade.
Seja como for, excetuando-se os fãs da nona arte, ninguém
levou tudo isso muito a sério, afinal eram só mais algumas histórias em
quadrinhos para adultos, digamos assim, “meio estranhos”.
De qualquer forma ganhou fama suficiente para em 2009 virar
filme dirigido por Zack Snyder e render alguns milhões de dólares para o
estúdio
Foi o suficiente para que na cabeça de alguns fãs mais
atentos surgisse em neon a pergunta: Se
esse tipo de vigilante existisse, “Who will watch over the Watchman”? (quem
irá vigiar os vigilantes?)
Aí então, em 2006 veio Garth Ennis (autor celebrado de “The
Preacher” e algumas das melhores histórias de John Constantine para a editora
Vertigo), chutando o pau da barraca com “The Boys”, heróis com superpoderes para
os quais estupro, assassinato e toda espécie de barbaridades eram apenas
detalhes de mais um dia de trabalho, pois eles eram verdadeiros deuses.
O público adorou essa virada que parecia mais próxima ao
mundo real e em 2019 virou sucesso em série de TV da Amazon, o que nos leva
para o que realmente nos interessa nessa pátria varonil de céu cor de anil em
que habitamos.
Fruto dos quadrinhos, do cinema ou de elocubrações próprias
de quem deveria estar internado no Asilo Arkham de Gotham City, não integrando
a mais alta corte do país, alguns personagens se acreditaram dotados de poderes
divinos, os quais passaram a exercer sem pudor sobre a população ignara e o
próprio Congresso, também ignaro, que a deveria representar aqueles tolos que
através do voto os puseram lá.
Poderes ilimitados e até prova em contrário sem controle,
são a porta de entrada para a tirania total.
Só para dar um exemplo: Um Super-Ministro se sente vítima
de um deputado, acusa-o de um crime que não existe, e ele mesmo determina sua
prisão preventiva.
Depois de mais de nove meses de encarceramento, o acusado é
julgado pela mesma “vítima” escudado por sua “tchurma” e condenado a mais de
oito anos de prisão além de multas por ter expressado nas redes sociais o que passava
sem censura pela cabeça de milhões de brasileiros.
Me atrevo então a perguntar: Quem vigia os vigilantes
preocupados com a nossa “democracia”?
Quem checa os “fact checkers” que diariamente cancelam a
verdade que lhes é inconveniente nas redes?
Nessa história em quadrinhos repleta de super vilões de
capa preta em que vivemos, não existia super herói para nos salvar, mas no
último dia 21 de abril um capitão sem capa e sem cueca por cima das calças,
derrotou onze malfeitores de uma canetada só e para gaudio da torcida de
milhões, salvou uma vítima importante das garras do mal.
A luta é claro ainda não acabou!
Existem mais vítimas a serem salvas, a quadrilha dos
malfeitores também vai se reunir e contra atacar, mas pelo menos agora sabem,
como disse o capitão que: podem muito, mas não podem tudo.
Super heróis à parte, acho que temos um de carne e osso,
dotado dos valores dos heróis dos anos de ouro dos quadrinhos, ali mesmo em
Brasília, presidindo nosso país.
Quem não sabe brincar, ou for muito sensível que não desça
para o “play”.
Acautelem-se os vilões, seu fim está próximo e o “bullying”
será inevitável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário