sábado, 27 de fevereiro de 2021

 



Sobrevivendo ao Maelströn

 

Por: H. James Kutscka

 

Tratando há pouco tempo atrás de fugir das constantes notícias sobre vítimas da “fraudemia”, “zapeando” em busca de algo para assistir nos canais a cabo, me deparei com o documentário de 2018 do cineasta norueguês Jan Vandoer ( o “o”  do sobrenome  é cortado por um traço vertical inclinado e peço que me perdoem, pois  tal  opção não existe no teclado em que escrevo este artigo), 87 minutos de imagens espetaculares sem nenhum diálogo sobre a vida  em Lofoten,  nome do arquipélago norueguês situado ao sul do mar de Barents e do distrito  do condado de Nordland, sublinhadas (as imagens) pelo som da Orquestra Filarmônica do Ártico e seu coro,  executando um arranjo da composição de 1980 de Phillip Glass inspirada no conto de Edgar Alan Poe “Descent into the Maelstrom”.

Maelströn ou Moskoe- Ström é um fenômeno que ocorre no arquipélago devido à grande amplitude das marés, das correntes marítimas que se formam entre as ilhas e da maior barreira de coral conhecida do mundo, resultando em um redemoinho mortal que traga barcos desavisados e seus tripulantes em seu turbilhão, para triturá-los nos corais do fundo de seu vórtice como em um liquidificador infernal.

O conto de Poe relata a aterrorizante aventura de um pescador e seus dois irmãos apanhados pelo fenômeno em meio a uma súbita e inesperada mudança de tempo que gerou um furacão, entre as ilhas de Lofoten e Moskoe onde a profundidade do mar varia ente 67 e 83 metros. 

Logo nas primeiras voltas do redemoinho, um deles foi atirado para fora da embarcação junto com o mastro principal onde se havia amarrado, desaparecendo no turbilhão. Dos dois restantes um se agarrou a um anel de ferro preso a uma a cavilha e o outro a um barril de água preso por um cabo à quilha do barco.

Depois de várias voltas delirantes na lateral quase vertical do abismo liquido, o irmão mais velho daquele que se agarrara ao anel da cavilha, resolveu ele também agarrar-se a ele e como não havia espaço para quatro mãos o mais novo foi prender-se ao barril e tomado de uma calma que parece surgir nos momentos em que o desastre se torna inevitável, percebeu como em câmera lenta, que troncos e outros objetos que rodavam junto a eles, se moviam em velocidades diferentes, lembrou-se então de Arquimedes (pescadores noruegueses conhecem Arquimedes) e da sua mecânica dos fluidos.  Formas diferentes se movem em diferentes velocidades no liquido.

Deu-se conta de que objetos mais arredondados demoravam mais a serem sugados para a destruição.

Cortou então o cabo que prendia o barril ao casco do barco e atirou-se com ele no turbilhão.

Enquanto o barco descia cada vez mais celeremente para o fundo, ele permanecia girando aparentemente sem ser sugado. Assim foi por quase uma hora, até o fenômeno cessar e o sobrevivente ser resgatado por pescadores.

O documentário me recordou do conto e embora eu estivesse tentando escapar das notícias pré-fabricadas da mídia militante, foi inevitável não fazer uma analogia com os problemas enfrentados pelo nosso atual presidente.

Ventos de tempestade sopram de todos os lados, reais ou imaginários, tentando arrastá-lo para as profundezas. Revistas semanais (que eu sigo comprando porque devo sofrer de uma espécie de “masoquismo desinformativo compulsório”) trazem artigos que causam repugnância a qualquer cidadão que possua pelo menos dois neurônios funcionais no cérebro.

Junto com os canais de televisão bancados pela esquerda, são os que provocam o redemoinho tentando arrastar o executivo para os afiados corais do fundo.

Sei que é conveniente pensar na oposição como uma turba homogênea ignorante, mas na verdade estão longe disso, tiveram décadas para plantar seus conceitos entre as mentes menos privilegiadas da maioria ignorante imediatista que se contenta com um sanduiche de mortadela por um lado e nas mentes ambiciosas de uma minoria elitista inescrupulosa, colocada em postos chaves a qual sabem pode ser comprada com cargos, soldos polpudos, lagostas e vinhos finos por outro.

No fundo desse turbilhão fabricado, existe um vácuo de poder que certamente será preenchido quando ventos e maré cessarem.

Para quem quiser salvar-se, meu conselho é de que se atire na água agarrado a algo roliço (Nhônho não serve) como o pescador de Poe e aguarde até os canalhas serem sugados pelo redemoinho que eles mesmo provocaram.

Que colham as “vinhas da ira” diria com mais propriedade John Steinbeck.

Como em francês tudo soa melhor, diante do panorama que se nos apresenta e das últimas medidas tirânicas tomadas por alguns prefeitos e governadores iluminados,   vamos de Jean Jacques Rosseau: “ La force a fait les premiers esclaves, leur lâchate les a perpetués” ( A força fez os primeiros escravos, sua covardia os perpetuou), ou  como diria  outro pensador francês, Eyquem Michel De Montaigne: “Plus ça change, plus cést la même chose” (em tradução livre :quanto mais se muda mais é a lesma lerda).

Mas que sei eu?

Mudar por mudar não leva a nada, é hora de uma mudança radical. Todos ao mar!        

Nenhum comentário:

Postar um comentário